Audiência do Subcomitê de Segurança Interna Coloca FBI Contra a Parede por Falhas no Combate a Drones e Ameaças Críticas

A audiência recente do Subcomitê de Segurança Interna e Contraterrorismo trouxe à tona um panorama alarmante sobre os riscos representados pelos drones, ou sistemas aéreos não tripulados (UAS, na sigla em inglês), à segurança nacional dos Estados Unidos. Especialistas, congressistas e representantes das agências de segurança detalharam como essas tecnologias têm sido utilizadas para espionagem, contrabando e possíveis ataques contra infraestruturas críticas.

A discussão revelou uma série de falhas no monitoramento, mitigação e coordenação entre as agências, além de um crescente sentimento de frustração no Congresso com a falta de respostas concretas.


Drones em Infraestruturas Sensíveis e Ameaças Criminosas

Durante a audiência, vários incidentes concretos ilustraram os perigos apresentados pelos drones:

  • Bases Militares: Na Langley Air Force Base, drones desconhecidos sobrevoaram a instalação por uma semana, comprometendo a segurança de sistemas sensíveis, como os caças F-22. Até o momento, as autoridades não conseguiram identificar os operadores desses dispositivos​.
  • Nova Jersey e Nova York: O deputado Chris Smith relatou que drones foram avistados seguindo embarcações da Guarda Costeira, em episódios que envolveram até 30 dispositivos simultâneos. Já em Nova York, a congressista Nicole Malliotakis destacou incidentes próximos à ponte Verrazano e instalações militares, afirmando:
    “Estamos em um mundo pós-balão espião chinês, e é estarrecedor que não saibamos quem está por trás desses drones ou o que estão fazendo”​.
  • Ataques Planejados: O diretor assistente do FBI, Robert Wheeler Jr., compartilhou o caso de um supremacista branco no Tennessee que foi preso ao planejar usar um drone para destruir uma subestação elétrica, buscando causar colapso social​.
  • Infraestruturas Críticas: Jeffrey Bomgardner, da Berkshire Hathaway Energy, alertou para a crescente vulnerabilidade de refinarias, redes elétricas e plantas químicas a ataques de drones, destacando:
    “Os drones são uma ameaça persistente às infraestruturas críticas e podem causar danos devastadores e interrupções econômicas significativas”​.

Esses casos ilustram o uso crescente de drones por grupos criminosos, terroristas e cartéis para vigilância e ataques.


Falhas nas Autoridades Federais e Limitações de Recursos

A audiência também destacou deficiências significativas nas capacidades das agências federais para responder a essas ameaças.

  • FBI: O orçamento destinado às contramedidas contra drones é de apenas US$ 500 mil por ano. Robert Wheeler Jr. lamentou que, com esses recursos, o FBI é incapaz de identificar ou neutralizar efetivamente os dispositivos:
    “Não é surpresa que não sabemos quem está controlando esses drones”​.
  • CBP: Keith Jones, do Customs and Border Protection, relatou que foram detectados 45.000 voos de drones na fronteira sudoeste em 2023, mas apenas 5% desses dispositivos realmente cruzaram para o espaço aéreo dos EUA. Ele afirmou que os cartéis mexicanos estão totalmente integrados à tecnologia de drones, utilizando-os para contrabando e espionagem​.
    Jones também revelou que, em seis semanas, foram detectados 6.900 voos de drones, mas apenas 60 dispositivos foram neutralizados​.

A falta de financiamento adequado e de autoridade para operar fora do espaço aéreo dos EUA limita significativamente as ações das agências.


Necessidade de Reformas Legislativas e Expansão de Autoridades

A proposta do projeto de lei HR 8610 busca expandir as autoridades locais e estaduais para permitir respostas mais rápidas e eficazes a ameaças de drones. O deputado Seth Magaziner, principal representante democrata no comitê, destacou:
“A proliferação de drones criou uma corrida armamentista tecnológica entre criminosos e agências de segurança. Precisamos de uma abordagem integrada para proteger eventos como a Copa do Mundo de 2026 e as Olimpíadas de 2028”​.

Entretanto, Brag Wigman, do Departamento de Justiça, alertou para os desafios legais dessa expansão:
“Sem a atualização das leis, tecnologias de detecção e mitigação podem violar legislações como o Wiretap Act, colocando direitos civis em risco”​.


Frustração e Crise de Confiança

Vários congressistas expressaram indignação com a falta de progresso no combate às ameaças de drones:

  • Tony Gonzalez, do Texas, criticou severamente a ausência de uma estratégia clara:
    “O orçamento é nulo, as ações são lentas e os cidadãos continuam vulneráveis. Isso é negligência operacional”​.
  • Nicole Malliotakis, de Nova York, reforçou a necessidade de coordenação entre autoridades locais e federais:
    “A falta de comunicação está colocando vidas em risco. Não podemos continuar assim”​.
  • Chris Smith, de Nova Jersey, questionou a razão pela qual o Departamento de Defesa não compartilha sua tecnologia avançada com agências locais:
    “Por que não usamos as capacidades do DOD para derrubar drones desconhecidos e investigar sua origem?”​.

A falta de transparência e a incapacidade de lidar com incidentes estão minando a confiança pública nas autoridades.


Conclusão: Ação Urgente Necessária

A crescente ameaça dos drones evidencia uma falha crítica em infraestrutura, legislação e coordenação nos EUA. Para proteger cidadãos e infraestruturas críticas, as autoridades precisam:

  1. Aumentar os investimentos: Recursos financeiros robustos são essenciais para o desenvolvimento de tecnologias de detecção e neutralização.
  2. Modernizar as leis: A expansão das autoridades locais deve ser acompanhada de salvaguardas legais para proteger a privacidade.
  3. Fortalecer a cooperação interagências: A troca de tecnologia e informações entre agências locais, estaduais e federais é fundamental.

Como afirmou o deputado Carlos Gimenez, da Flórida:
“Estamos enfrentando ameaças significativas de drones equipados com IA que operam de forma autônoma. Precisamos de sistemas cinéticos para neutralizá-los antes que seja tarde demais”​.

A segurança nacional depende da capacidade de adaptação das autoridades a essas novas ameaças. Não há espaço para inação.

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