Durante uma caminhada pelos corredores subterrâneos do Senado, o senador Mike Rounds (Republicano da Dakota do Sul), integrante dos Comitês de Serviços Armados e de Inteligência, conversou com o jornalista Matt Laslo e demonstrou ceticismo em relação à recém-criada Força-Tarefa dos Segredos da Câmara dos Deputados. O grupo investiga temas como fenômenos aéreos não identificados (UAPs), os assassinatos de John F. Kennedy e Martin Luther King Jr., o caso Jeffrey Epstein, os atentados de 11 de setembro e a pandemia da COVID-19.
O tom da conversa foi descontraído e irônico, refletindo a pouca consideração do senador pela iniciativa da Câmara.
Laslo perguntou:
“Você já ouviu falar dessa Força-Tarefa dos Segredos na Câmara?”
Rounds respondeu de forma direta:
“Não.”
Ao ouvir que a força-tarefa também investigava casos polêmicos como UAPs, JFK, Epstein, 11 de Setembro e COVID, Rounds sorriu e comentou:
“Para ser honesto, não prestei muita atenção no que eles estão fazendo por lá, mas parece que mantém alguns deles ocupados.”
Laslo insistiu:
“Mas, à primeira vista, o que você acha de um comitê investigando Epstein, JFK, MLK…?”
Rounds ironizou:
“É um comitê secreto?”
O repórter explicou que a força-tarefa atua dentro do Comitê de Supervisão da Câmara, com um prazo de seis meses para funcionar. Rounds, mantendo o tom de brincadeira, devolveu:
“Então não é um comitê super secreto e sério, é um…?”
Quando Laslo respondeu, rindo, que foi o próprio senador quem insinuou a falta de seriedade, Rounds completou com humor:
“… segredos, certo?”
Ao ser informado de que a Força-Tarefa dos Segredos surgiu a partir do antigo Caucus de UAPs — e que, segundo relatos, teria sido criada para conter deputados que pressionavam demais a liderança sobre o tema — Rounds riu novamente:
“Pode manter alguns deles fora de outro mistério. Nunca se sabe.”
Laslo então explicou que, na prática, o poder de intimação da força-tarefa depende do presidente do Comitê de Supervisão, James Comer, sugerindo que a liderança quer mais controle sobre os membros mais radicais. Rounds, em tom sério e pragmático, afirmou:
“Bem, você quer as pessoas ocupadas.”
Laslo questionou:
“Quer mesmo?”
Rounds confirmou:
“Ah, sim. É melhor do que eles ficarem procurando o que inventar.”
Entenda o contexto
Embora Mike Rounds tenha sido um dos principais autores da legislação que buscava obrigar o governo dos Estados Unidos a desclassificar registros sobre UAPs — a proposta UAP Disclosure Act de 2023, em parceria com o senador Chuck Schumer —, ele deixa claro nesta conversa que não apoia abordagens amadoras ou conspiratórias sobre o tema. Rounds defende uma investigação séria e estruturada no Senado, mas vê com ironia o comportamento de alguns membros da Câmara que, segundo ele, poderiam usar essas pautas para alimentar novas teorias conspiratórias.
O senador deixa implícito que a Força-Tarefa dos Segredos serve mais como um mecanismo de distração do que como uma investigação rigorosa — um espaço para manter deputados ocupados e sob controle.