O Japão tem se destacado como um dos principais locais do mundo para avistamentos de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs). O artigo da Popular Mechanics pergunta se esses avistamentos são realmente de origem extraterrestre ou se poderiam indicar uma ameaça à segurança nacional.
O Legado de Avistamentos de OVNIs no Japão
O Japão tem uma longa história de avistamentos de OVNIs, com alguns casos notórios que marcaram o país. Um dos mais famosos aconteceu em 1975 na cidade de Kofu, na província de Yamanashi, onde dois garotos alegaram ter encontrado um alienígena após relatos de discos voadores. Outro incidente ocorreu em 1972, quando um pequeno OVNI foi supostamente capturado na província de Kochi, e em 1974, houve múltiplos avistamentos em Hokkaido, formando o que entusiastas consideram os “três grandes” casos do Japão.
Na década de 1970, moradores da cidade de Iino, perto da Montanha Senganmori, começaram a relatar avistamentos frequentes, que atribuíram às forças espirituais e magnéticas da região. A cidade, localizada na província de Fukushima, continua a atrair atenção para OVNIs, especialmente após o desastre nuclear de 2011. Recentemente, houve uma onda de avistamentos de OVNIs em torno de instalações nucleares no Japão, alimentando discussões online e vídeos no YouTube que mostram luzes estranhas e fenômenos anômalos não identificados nos céus da região.
Ameaças à Segurança Nacional ou Mera Coincidência?
Diante desses relatos, o governo japonês começou a levar mais a sério as possíveis ameaças que esses fenômenos podem representar. Em 28 de maio de 2024, autoridades japonesas anunciaram a formação de um grupo bipartidário com mais de 80 membros para investigar o aumento dos avistamentos de OVNIs no país, especialmente na região de Fukushima. Esta ação veio logo após as revelações da Marinha dos Estados Unidos sobre aeronaves capazes de realizar manobras impossíveis e as investigações do Congresso norte-americano sobre esses relatos. Como resposta, o Departamento de Defesa dos EUA criou o Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios (AARO) em julho de 2022, para investigar seriamente as ameaças que os OVNIs podem representar.
O Japão está seguindo um caminho semelhante, reconhecendo que os avistamentos de OVNIs podem representar uma ameaça legítima à segurança nacional. Entretanto, descobrir a verdade por trás desses fenômenos não será uma tarefa fácil.
OVNIs: Extraterrestres, Drones, Pássaros ou Mitos?
O físico Avi Loeb, professor da Universidade de Harvard, elogia a abordagem japonesa de investigar avistamentos de OVNIs com seriedade. Loeb destaca que é importante considerar todas as possibilidades, desde explicações naturais, como meteoros ou pássaros, até objetos feitos pelo homem, como drones ou balões.
Loeb lidera o Projeto Galileo em Harvard, que busca sistematicamente por evidências de artefatos tecnológicos extraterrestres. Ele afirma que qualquer investigação governamental deve seguir essa linha de raciocínio: primeiro identificar se o objeto avistado é natural ou fabricado pelo homem antes de considerar outras possibilidades.
Já Mick West, escritor científico do Center of Inquiry, sugere que a psicologia humana, incluindo a histeria coletiva e o viés de confirmação, pode estar influenciando o aumento dos relatos de OVNIs no Japão, especialmente após o desastre de Fukushima. Ele observa que a grande quantidade de câmeras de vigilância ao redor da usina nuclear pode explicar por que tantas pessoas têm avistado objetos não identificados. West também acredita que a cultura japonesa, rica em mitos e lendas, pode estar alimentando a interpretação desses avistamentos como fenômenos extraterrestres.
Influência da Cultura Japonesa nos Relatos de OVNIs
Joshua Frydman, professor de japonês na Universidade de Oklahoma, aponta que os mitos e lendas do Japão podem estar influenciando a percepção pública sobre os OVNIs. Segundo Frydman, as histórias mitológicas do Japão, que se tornaram amplamente conhecidas após a década de 1890, podem estar moldando a maneira como os japoneses interpretam os avistamentos de OVNIs, transformando o que poderia ser visto como simples fenômenos naturais em eventos sobrenaturais ou alienígenas.
Segurança Nacional e Exploração Científica
A formação do novo grupo investigativo no Japão veio logo após a criação do AARO nos EUA, o que levanta a questão de se os Estados Unidos influenciaram essa decisão. No entanto, Avi Loeb acredita que a verdadeira razão por trás dessa medida está nas possíveis ameaças de espionagem por parte de países como a China e a Coreia do Norte.
Loeb argumenta que, além de ser crucial para a ciência confirmar a existência de inteligência extraterrestre, é fundamental para a segurança nacional entender o que esses objetos realmente são. O Japão, estando próximo de países que poderiam querer espioná-lo, precisa saber se os avistamentos de OVNIs são na verdade drones ou outros dispositivos de espionagem.
Com a investigação dos OVNIs se tornando uma questão de registro público nos EUA, Japão e outros países, o programa NOVA da PBS irá explorar essa questão em um episódio programado para janeiro de 2025 intitulado “O Que São os OVNIs?”. Os produtores do programa, Julia Cort e Chris Schmidt, acreditam que os esforços globais para estudar a natureza dos OVNIs podem ajudar a avançar no campo, além das lendas e do sensacionalismo, e talvez levar a descobertas reais.
De volta ao Japão, o novo grupo investigativo encontra resistência. O líder da oposição, Yoshiharu Asakawa, afirmou que os OVNIs são “uma questão de ocultismo que nada tem a ver com a política.” No entanto, o ex-ministro da defesa, Yasukazu Hamada, que faz parte da investigação, defende a importância de estudar os OVNIs tanto para a segurança nacional quanto para a exploração científica.
Conclusão
O Japão se encontra no centro de uma onda global de interesse em OVNIs, com avistamentos que variam de fenômenos naturais a possíveis ameaças à segurança nacional. Com a formação de um novo grupo investigativo e a crescente atenção da mídia, o país continua a explorar a linha tênue entre ciência e mito, enquanto busca respostas para esses fenômenos inexplicáveis.
Referência: Artigo publicado em Popular Mechanics.
