Falha na legislação permite que dados de UFOs no espaço sejam ocultados, aponta estudo da Harvard National Security Journal

Uma brecha na legislação dos Estados Unidos pode estar permitindo que dados sobre UFOs detectados no espaço permaneçam ocultos do Congresso e do público, segundo um artigo publicado no Harvard National Security Journal por Dillon Guthrie, ex-assessor legislativo e especialista em segurança nacional. O estudo, intitulado “Flying Saucers and the Ivory Dome: Congressional Oversight Concerning Unidentified Anomalous Phenomena”, destaca que a atual definição legal de fenômenos anômalos não identificados não inclui objetos exclusivamente espaciais, o que pode estar impedindo que informações cruciais sejam divulgadas.

A investigação do Mashable, baseada no estudo de Guthrie, reforça essa preocupação ao destacar que, em 2024, 49 dos 757 casos investigados pelo Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios (AARO) envolviam UFOs no espaço. No entanto, segundo o relatório oficial, nenhuma dessas observações veio de sensores espaciais, mas apenas de pilotos militares, pilotos comerciais e observadores terrestres, um dado que levanta suspeitas sobre o motivo da falta de registros de satélites e sistemas avançados de vigilância espacial.

O “buraco negro” na legislação que permite sigilo sobre UFOs no espaço

O artigo da Harvard National Security Journal explica que a legislação que rege a investigação e o compartilhamento de dados sobre UFOs foi sendo ajustada ao longo dos anos, substituindo termos como “objetos voadores não identificados” (UFOs) por “fenômenos aéreos não identificados” (UAPs) e, posteriormente, por “fenômenos anômalos não identificados”. Essa última mudança, feita pelo Congresso, dividiu os UFOs em três categorias:

  1. Objetos ou fenômenos aéreos;
  2. Objetos ou fenômenos submersos;
  3. Objetos transmédios (aqueles que transitam entre diferentes domínios, como do espaço para a atmosfera ou da atmosfera para a água).

A lacuna legal está no fato de que objetos que permaneçam exclusivamente no espaço não se encaixam em nenhuma dessas categorias. Dessa forma, dados de satélites militares, radares de vigilância orbital e sensores espaciais altamente sofisticados podem ser legalmente ocultados, já que não há obrigação oficial de reportá-los ao Congresso ou ao público.

Casos de UFOs no espaço já foram registrados, mas informações seguem inacessíveis

A reportagem do Mashable destaca que ex-funcionários do governo dos EUA, como Chris Mellon e Kevin Day, já relataram que os sistemas de defesa espacial e rastreamento de mísseis balísticos frequentemente registram objetos desconhecidos em órbita. No entanto, esses dados não são incluídos nos relatórios de UFOs divulgados anualmente ao público.

O próprio Mellon, ex-subsecretário assistente de Defesa para Inteligência, mencionou que em décadas passadas, a rede GEODSS (Ground-Based Electro-Optical Deep Space Surveillance) captou objetos luminosos no espaço, que não eram meteoros, satélites ou espaçonaves conhecidas. Sem uma diretriz para reportar esses eventos, tais dados ficam restritos às agências que os coletam.

Além disso, a reportagem menciona que o famoso caso USS Nimitz “Tic Tac” de 2004, testemunhado por pilotos da Marinha dos EUA, incluiu registros de objetos anômalos no espaço, monitorados pelos sistemas de defesa antimísseis do país. O radarista Kevin Day confirmou que esses objetos foram detectados a altitudes superiores a 80.000 pés antes de descerem rapidamente para próximo do nível do mar.

A ausência de coordenação e transparência no governo dos EUA

Tanto Guthrie quanto o Mashable apontam que, mesmo com a criação do AARO, a falta de um órgão centralizado responsável pela investigação dos UFOs permite que diferentes agências ocultem ou evitem compartilhar dados. Essa fragmentação dentro do governo facilita que cada instituição simplesmente “passe a responsabilidade adiante”, sem que ninguém precise divulgar informações ao Congresso ou ao público.

O ex-funcionário do Pentágono Luis Elizondo já alertou o Congresso sobre esse problema, sugerindo que seja criada uma única entidade responsável por coordenar todas as investigações sobre UFOs. Segundo ele, atualmente, diversas agências como a CIA, NASA, Pentágono e Departamento de Energia possuem informações dispersas, mas nenhuma delas está no comando, o que leva à falta de transparência e à ocultação de dados.

A vitória da ufologia na grande mídia

A publicação do estudo de Guthrie na Harvard National Security Journal e sua repercussão no Mashable representam um avanço importante para a ufologia, pois mostram que o debate sobre UFOs já não está restrito a teóricos independentes ou grupos de entusiastas, mas alcançou o meio acadêmico e o jornalismo mainstream.

Ao expor como a atual legislação permite a ocultação de informações sobre UFOs no espaço, essas reportagens ajudam a pressionar por maior transparência e por reformas na supervisão governamental. Para a comunidade ufológica, essa é uma oportunidade única de ampliar o debate e cobrar respostas sobre o que realmente está sendo registrado no espaço — e por que esses dados ainda não foram compartilhados com o público.

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