EUA: E-mails revelam movimentações internas sobre denúncias de David Grusch, ex-oficial de inteligência ligado a UFOs

E-mails obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação dos Estados Unidos (FOIA), e publicados pelo site The Black Vault, revelam que o Departamento de Defesa norte-americano (DoD) estava ciente das denúncias do ex-oficial David Grusch desde meados de 2021. As mensagens internas mostram preocupação com a segurança das informações e com as audiências no Congresso que tratavam do tema dos UFOs.

Contato inicial e registros solicitados

O nome de Grusch surgiu pela primeira vez em e-mails internos do Escritório do Inspetor-Geral do Departamento de Defesa (DoD OIG) em novembro de 2021. Uma mensagem com o assunto “Atenção: contato com entrevistados sobre UFOs” foi enviada por um funcionário da divisão de Avaliações Espaciais, de Mísseis e Nucleares. O conteúdo da mensagem foi totalmente censurado, mas uma resposta no mesmo dia confirmou: “Grusch entrou em contato comigo na noite de quinta-feira”.

Meses depois, em 27 de junho de 2022, Grusch enviou um e-mail a membros do OIG, com cópia para Randolph R. Stone — responsável por avaliações de espaço e inteligência — afirmando: “O IG da DNI está solicitando quaisquer registros produzidos a partir da minha entrevista de 12 de julho de 2021 com você e sua equipe.” Apesar de citar o “IG da DNI”, esse cargo não existe formalmente. É provável que Grusch estivesse se referindo ao Inspetor-Geral da Comunidade de Inteligência (IC IG), responsável por supervisionar todas as 18 agências do setor.

Senado e Câmara dos Deputados se envolvem

Em 1º de setembro de 2022, um funcionário legislativo do DoD OIG informou por e-mail que o Comitê de Serviços Armados do Senado havia entrado em contato para saber se existiam informações sobre David Grusch, então funcionário da Agência Nacional de Inteligência Geoespacial (NGA). O OIG iniciou uma verificação interna dos arquivos.

Ao longo de 2023, a pressão aumentou. Um e-mail de julho daquele ano revelou que Randolph Stone não havia sido convidado para a audiência da Câmara dos Deputados sobre UFOs, que teria Grusch como uma das testemunhas principais. Um colega respondeu secamente: “Isso é bom”.

Em outro trecho da correspondência, membros da equipe do Comitê de Supervisão da Câmara afirmaram querer “entender melhor quem é David Grusch”, além de solicitarem um relatório confidencial sobre UFOs. A preocupação com os níveis de autorização de segurança dos assessores parlamentares foi explícita, com Stone perguntando: “Como podemos confirmar que os funcionários têm o credenciamento adequado? Não quero um vazamento!”

Comunicação sigilosa e pressões da mídia

Outros e-mails mostram que o Dr. Sean Kirkpatrick, então diretor do Escritório de Resolução de Anomalias (AARO), manteve contato direto com Stone em setembro de 2023. Embora o conteúdo da mensagem esteja censurado, o próprio cabeçalho indica que envolvia deliberações internas, com base em uma cláusula da FOIA.

Já em outubro, a equipe do Comitê de Supervisão da Câmara confirmou a realização de uma reunião sigilosa com parlamentares sobre o relatório de UFOs, mencionando que alguns congressistas já haviam tido acesso antecipado ao documento. Ainda que o foco fosse o relatório, o e-mail deixava claro que os responsáveis pela reunião deveriam estar preparados para perguntas adicionais — possivelmente sobre Grusch.

Redações sob questionamento

As comunicações foram divulgadas com diversos trechos ocultados sob os artigos (b)(5), (b)(6) e (b)(7)(E) da FOIA, que protegem informações deliberativas, dados pessoais e métodos de investigação, respectivamente. No entanto, o site The Black Vault contestou o uso exagerado dessas exceções e entrou com recursos para reverter parte das censuras.


Mesmo sem revelar o conteúdo completo das denúncias de Grusch, os documentos evidenciam que o governo dos Estados Unidos estava atento ao caso desde o início e atuava com cautela diante do interesse crescente do Congresso e da mídia.

A crescente mobilização de setores do governo em torno do depoimento de Grusch reforça a complexidade e o potencial impacto das revelações ligadas aos UFOs. As preocupações com sigilo, segurança e audiências legislativas indicam que o tema segue sendo tratado como uma prioridade de Estado, com possíveis implicações para a revelação pública de tecnologias não convencionais ou interações ainda não explicadas.


Boa — vamos entrar no campo das hipóteses e tentar deduzir o que provavelmente está escondido nas redações dos documentos. Com base no conteúdo revelado e nos padrões de censura que o governo costuma aplicar, dá pra fazer algumas suposições bem fundamentadas.


O que provavelmente está nas partes censuradas dos documentos do FOIA sobre David Grusch:

1. Detalhes sobre materiais recuperados

Grusch afirmou publicamente que os EUA estariam em posse de naves de origem não humana e até mesmo “biológicos não humanos”. Como os documentos fazem referência à sua entrevista de 12 de julho de 2021 — classificada como TOP SECRET//TK//NOFORN — é bastante provável que as partes suprimidas incluam descrições de objetos, destroços ou materiais analisados, bem como possíveis locais de armazenamento (como laboratórios militares ou instalações secretas).

2. Nomes de militares e cientistas envolvidos

O documento menciona que Grusch indicou pessoas específicas que deveriam ser entrevistadas, como um contato na Força Aérea envolvido com supostos materiais recuperados. As censuras com base no artigo (b)(6) da FOIA, que protege a privacidade, sugerem que há nomes, cargos e talvez até localizações de indivíduos que estariam diretamente ligados ao programa de recuperação ou engenharia reversa de UFOs.

3. Estrutura de programas secretos

É muito provável que Grusch tenha fornecido detalhes sobre como os programas de recuperação e análise de UFOs estariam sendo escondidos de supervisão legal e orçamentária. Isso incluiria a possível utilização de contratos com empresas privadas ou criação de projetos paralelos dentro do orçamento de defesa. Esse tipo de informação cai direto na censura por “técnicas de investigação” (b)(7)(E).

4. Reações internas do governo

Partes censuradas podem conter comentários de membros do DoD sobre a credibilidade das denúncias, o impacto político e a estratégia de resposta. Exemplo: o tom irônico de “That’s good” quando Stone diz que não foi convidado para o depoimento de Grusch mostra que há bastidores tensos. Esses trechos são protegidos pelo artigo (b)(5), que visa resguardar deliberações internas.

5. Ligações com outros programas sensíveis

Há uma chance concreta de que parte do material envolva ligações com tecnologias classificadas, como projetos da DARPA, programas aeroespaciais da Lockheed Martin ou até conexões com o sistema de vigilância satelital. Isso justificaria tanto o nível alto de classificação como a aplicação rígida das isenções legais.


⚠️ Por que isso é importante?

Se confirmado, esse conjunto de informações validaria várias alegações históricas da ufologia sobre a existência de programas secretos, engenharia reversa e acobertamento institucional — algo que muitos consideram teoria, mas que esses documentos sugerem estar sendo levado a sério dentro do próprio Pentágono.


Fontes:
The Black Vault – “The ‘UFO Whistleblower’, Congress, and Classified Briefings”
Arquivo FOIA DODOIG-2024-000451 – 77 páginas, PDF

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