WASHINGTON — Um indicador claro de como as capacidades de ataque ao espaço evoluíram rapidamente na última década pode ser visto no tamanho do relatório “Capacidades Globais de Contraespaço” de 2025, da Secure World Foundation. A edição deste ano tem impressionantes 316 páginas, um aumento significativo em relação à versão de 2018, que continha apenas 148. O relatório destaca a intensa pesquisa e desenvolvimento de capacidades destrutivas e não destrutivas de contraespaço em vários países, com base em dados coletados de fontes abertas entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025.
Embora o relatório não tenha incluído novos países na lista dos 12 mencionados no ano passado como envolvidos em pesquisas nessa área, ele ressalta que China, Rússia e Estados Unidos estão cada vez mais imersos em uma corrida armamentista para desenvolver, testar e implantar armas contraespaço, utilizando tecnologias que vão desde o bloqueio por radiofrequência até, potencialmente, explosões nucleares, como é o caso da Rússia.
Jamming no Espaço
O relatório detalha uma série de incidentes envolvendo jamming de sinais de GPS e satélites de comunicação em zonas de conflito, como Ucrânia e Gaza. A Rússia tem sido a principal responsável por esses ataques, utilizando operações de guerra eletrônica para bloquear drones ucranianos e, mais recentemente, interferir em satélites de outros países. Em 2024, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) emitiu uma crítica pública rara à Rússia, devido à interferência intencional em satélites suecos e franceses.
Além da Rússia, outros países também têm aumentado suas capacidades de jamming. O relatório cita a aprovação, em 2024, pelo Comando Espacial dos EUA, de novos dispositivos de bloqueio para satélites, bem como o uso de jamming e spoofing de GPS por Israel em sua guerra contra o Hamas. A China, por sua vez, tem testado suas próprias capacidades de jamming com um satélite em órbita geoestacionária.
Movimentos no Espaço
Além da guerra eletrônica, China e Estados Unidos têm avançado em testes de operações de aproximação e rendezvous (RPO), que podem ser usados para desabilitar ou destruir satélites. Em 2024, a China conduziu operações RPO com uma série de satélites, que chegaram a realizar manobras a menos de 1 km de distância, o que foi interpretado como uma simulação de “luta” no espaço.
Os Estados Unidos também estão planejando testes semelhantes, com seus satélites Victus Haze, Victus Surgo e Victus Salo, que devem ser lançados entre 2025 e 2026. Esses satélites terão a capacidade de realizar manobras rápidas em órbitas baixas da Terra.
Defesa Ativa no Espaço
A França, por sua vez, tem investido em tecnologias de defesa ativa no espaço. Seu programa TOUTATIS, previsto para lançar satélites em 2026, busca testar técnicas de defesa contra interferências espaciais. Além disso, a França está desenvolvendo lasers para neutralizar satélites hostis sem gerar detritos.
A Evolução Global
O relatório observa que, de todos os 12 países analisados, a maioria possui algum nível de capacidade para degradar, desabilitar ou destruir satélites e sistemas espaciais. Essa crescente dependência de tecnologias de contraespaço pode ter repercussões globais significativas, uma vez que muitas áreas da economia e da sociedade dependem das aplicações espaciais.
Para mais detalhes, consulte a fonte completa da notícia: Secure World Foundation.