O Congresso dos Estados Unidos decidiu agir com firmeza depois de anos de frustração com a forma como o Departamento de Defesa lida com os Fenômenos Anômalos Não Identificados, ou UAP, sigla usada para objetos ou fenômenos que fogem das categorias aéreas, espaciais ou submarinas convencionais. A nova UAPDA, incluída na Lei de Defesa Nacional de 2026, tenta corrigir um padrão que, segundo especialistas, se repetia desde 2022: leis aprovadas, promessas de abertura e, na prática, pouca transparência. Agora, o tom mudou. O Congresso quer dados completos e quer acabar com o que muitos descrevem como um “cumprimento minimalista” das obrigações anteriores.
Um trecho fielmente traduzido da lei deixa esse novo espírito claro ao ordenar:
“O Diretor do Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios deverá fornecer ao Congresso relatórios contendo o número, a localização e a natureza de quaisquer interceptações de Fenômenos Anômalos Não Identificados conduzidas pelo Northcom e pelo NORAD, incluindo todos os procedimentos e protocolos utilizados durante tais operações e quaisquer dados coletados ou analisados.”
O Northcom é o comando responsável pela defesa do continente, enquanto o NORAD monitora continuamente o espaço aéreo dos Estados Unidos e do Canadá. O fato de essa exigência estar escrita de forma tão direta é visto como um sinal de que informações importantes sobre interceptações nunca chegaram completas ao Legislativo.
A nova lei também aborda um ponto especialmente sensível: as guias de classificação. Essas guias são documentos internos que definem o nível de sigilo aplicado a cada informação e determinam o que pode ou não ser divulgado. Durante anos, especialistas denunciaram uso excessivo dessas regras, com casos em que materiais antes públicos passaram a ser restritos sem explicação formal. A UAPDA 2026 responde diretamente ao problema ao afirmar:
“O Escritório deverá identificar, revisar e informar ao Congresso todas as guias de classificação aplicáveis às informações utilizadas para relatórios e investigações de Fenômenos Anômalos Não Identificados.”
Esse trecho pretende impedir que critérios internos possam ser usados para barrar vídeos, imagens, telemetria ou dados técnicos relacionados a UAP.
Outro ponto da lei ordena que diferentes agências federais simplifiquem o repasse de informações ao AARO, retirando etapas duplicadas e reduzindo barreiras internas. Embora pareça um ajuste administrativo, essa mudança responde à preocupação de que a burocracia atuava como mais uma camada de opacidade, dificultando a construção de um quadro completo das ocorrências anômalas.
Esse esforço legislativo acontece após anos de insatisfação com declarações oficiais consideradas vagas. Autoridades frequentemente afirmavam que “não há evidências de origem extraterrestre”, algo tecnicamente correto, mas que não esclarece a natureza dos objetos observados nem o risco que representam. Para especialistas e parlamentares, esse tipo de formulação permitia ao Pentágono comentar o tema sem realmente descrevê-lo. O resultado foi a percepção de avanços lentos, mesmo quando sensores avançados registravam objetos que não se encaixavam em tecnologias conhecidas.
Com a UAPDA 2026, o Congresso tenta remover margens de interpretação e transformar a entrega de dados em uma obrigação clara e direta. Relatórios completos, revisão transparente de sigilo e integração entre agências formam a base dessa nova abordagem, que busca reduzir lacunas históricas e oferecer ao público um panorama mais sólido do que realmente ocorre nos céus da América do Norte. Entidades voltadas à transparência, como a Disclosure Foundation, afirmam que o texto corrige práticas antigas que limitavam o acesso a informações de interesse público.
Ainda falta a aprovação final no Congresso e a assinatura presidencial, mas a mensagem da UAPDA 2026 já está registrada de forma inequívoca: o Legislativo quer romper barreiras internas, forçar clareza e impedir que dados essenciais sobre UAP continuem retidos sem justificativa.
Fontes:
https://defensescoop.com/2025/12/10/uap-ufo-military-intercepts-north-america-fy-2026-ndaa/
https://www.congress.gov/bill/119th-congress/senate-bill/2296/text







