Duas novas reportagens publicadas pelo jornalista Matt Laslo no site Ask a Pol revelam como o tema dos objetos anômalos não identificados (UAPs) continua sendo tratado com superficialidade ou distância por parlamentares diretamente ligados à pauta. As entrevistas com os senadores Kirsten Gillibrand (D-NY) e Mike Rounds (R-SD) mostram níveis distintos de envolvimento e percepção, mas ambas expõem lacunas de acompanhamento institucional, mesmo após revelações recentes da imprensa.
Figuras citadas
Nome | Cargo/Atuação | Partido | Estado | Envolvimento direto |
---|---|---|---|---|
Kirsten Gillibrand | Senadora | Democrata | Nova York | Subcomissão de Ameaças Emergentes |
Mike Rounds | Senador | Republicano | Dakota do Sul | Comissões de Defesa e Inteligência |
Jon Kosloski | Diretor da AARO | — | Nacional | Testemunhou no Senado |
Gillibrand não sabia que diretor da AARO já havia testemunhado perante ela
Durante uma abordagem informal no Senado feita por Laslo em 18 de junho, a senadora Kirsten Gillibrand afirmou que ainda não havia se reunido com o novo diretor da AARO (escritório de resolução de anomalias do Pentágono) em 2025. Quando informada de que Jon Kosloski já havia testemunhado diante de sua própria subcomissão em novembro de 2024, Gillibrand respondeu:
“Ah, vou me reunir com ele imediatamente.”
Gillibrand também confirmou que não leu integralmente o artigo do Wall Street Journal sobre UAPs e a Força Aérea, publicado em 6 de junho:
“Li o primeiro quarto dele, mas não terminei. Vou ler o resto e te dou um comentário.”
Mike Rounds diz que programa citado pelo WSJ “não é exatamente segredo”
Também em entrevista no mesmo dia, o senador Mike Rounds, ao ser questionado sobre a matéria do Wall Street Journal que fala de um possível programa da Força Aérea para confundir pilotos com UAPs, respondeu:
“Não é exatamente segredo. Achei que isso já era conhecimento comum que isso vem acontecendo há anos.”
Rounds também foi questionado sobre declarações de um ex-integrante da comunidade de inteligência, que sugeriu que o governo teria acesso a inteligência artificial com capacidades preditivas extraordinárias. Sua resposta foi direta:
“Não sei se conseguiria definir isso. Melhor deixar por aí.”
E ao ser perguntado se esse tipo de tecnologia se encaixaria na definição de “inteligência não humana”, como citada em legislações sobre UAPs, Rounds respondeu:
“Não.”
Desinformação, dispersão e silêncio
As falas reproduzidas por Laslo indicam que mesmo senadores com função direta sobre o tema UAP podem não estar acompanhando os desdobramentos recentes de forma sistemática. Gillibrand não leu completamente a principal matéria jornalística sobre o assunto e não se lembrava de uma audiência que presidiu. Rounds, por outro lado, demonstra conhecimento de bastidores, mas responde com contenção institucional.
Se há inteligência não humana envolvida, ou apenas programas de desinformação interna, ninguém parece querer saber. E quando querem, não conseguem.