Sem alarde, FAA reconhece relatos de UAP como questão de segurança aérea

A Administração Federal de Aviação (FAA) incorporou oficialmente os Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAP) às normas de segurança do tráfego aéreo, substituindo o termo “UFO” e criando um canal formal para comunicações de avistamentos. A mudança, anunciada discretamente em setembro de 2025 no Aviso N 7110.800, entra em vigor em 26 de outubro e reconhece que observar algo inexplicável em voo não deve mais ser motivo de vergonha ou punição.


Contexto

O novo protocolo altera a Ordem FAA JO 7110.65, exigindo que pilotos e controladores de tráfego informem o supervisor de operações ou o coordenador em comando (CIC) sobre qualquer fenômeno anômalo observado. Esses relatos devem ser encaminhados ao Centro Nacional de Operações Táticas de Segurança (NTSO), por meio da Domestic Events Network (DEN) — o mesmo canal usado para incidentes de segurança aérea.

A norma cumpre determinação do Título 50 do Código dos Estados Unidos, seção 3373, que criou o All-Domain Anomaly Resolution Office (AARO), responsável pela coleta e análise de ocorrências anômalas em todas as áreas de operação aérea.


O peso do estigma

Por décadas, pilotos civis e militares evitaram reportar avistamentos por medo de perder a licença ou serem tachados de “loucos”. Sem diretrizes claras, muitos optavam por silêncio para não prejudicar suas carreiras.

A FAA, ao integrar o tema à estrutura de segurança operacional, transforma relatos antes marginalizados em dados técnicos úteis, tratáveis com o mesmo rigor que qualquer outro evento em voo. A ASA afirmou em nota que essa mudança “marca o início de uma cultura de transparência, onde reportar o que se vê não é mais um risco profissional”.


Próximo passo: proteger quem relata

O Safe Airspace for Americans Act, projeto apresentado ao Congresso em setembro de 2025, busca ampliar esse movimento. O texto prevê um sistema nacional padronizado de coleta e análise de relatos de UAP, abrangendo pilotos, controladores, comissários, mecânicos e equipes de solo.

O projeto também proíbe retaliações e garante que nenhum profissional possa ter certificados ou autorizações suspensos por relatar fenômenos não identificados, reforçando a ideia de que a segurança aérea depende da confiança entre os profissionais e as instituições.


Repercussão

O ex-piloto da Marinha Ryan Graves, diretor da ASA, comemorou a decisão e afirmou no X (Twitter) que “a atualização da FAA ajuda a quebrar o estigma e a abrir caminho para relatos honestos e consistentes”. Para ele, a mudança é um marco simbólico: “pilotos não precisam mais escolher entre falar a verdade ou proteger a própria carreira.”


Fontes

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