Um artigo publicado em abril de 2025 na revista científica Progress in Aerospace Sciences defende que a comunidade científica precisa adotar uma abordagem mais rigorosa e sistemática para estudar os fenômenos aéreos não identificados (UAPs). O texto é assinado por Max F. Platzer, professor do Departamento de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da Universidade da Califórnia em Davis, e ex-docente da Escola de Pós-Graduação Naval dos EUA.
O autor analisa o emblemático caso ocorrido em 14 de novembro de 2004, quando aviadores da Marinha dos Estados Unidos avistaram um objeto voador com capacidades de manobra fora do comum durante um exercício militar ao largo da costa de San Diego, próximo ao porta-aviões USS Nimitz. Os relatos foram confirmados por operadores de radar do navio de apoio USS Princeton e formalmente encaminhados aos comandos superiores. Platzer considera esse episódio uma ocorrência científica relevante, que não pode mais ser ignorada pela comunidade aeroespacial.
Nome | Cargo | Cidade | Programas envolvidos |
---|---|---|---|
Max F. Platzer | Professor de Engenharia Aeroespacial | Davis, Califórnia | Universidade da Califórnia, Escola Naval |
Aviadores Nimitz | Pilotos de caça da Marinha dos EUA | San Diego, Califórnia | Exercício militar da Marinha |
Operadores USS Princeton | Operadores de radar da Marinha dos EUA | San Diego, Califórnia | Exercício militar da Marinha |
Silêncio científico e resistência editorial
Segundo Platzer, a ausência de publicações sobre UAPs em revistas científicas de renome se deve não apenas à falta de dados confiáveis e reprodutíveis, mas também ao receio de comprometer a reputação científica das publicações. Ele relata que diversos pesquisadores qualificados enfrentam barreiras editoriais ao tentar divulgar resultados sobre o tema, mesmo quando aplicam metodologia científica rigorosa.
“Enquanto não houver um exame científico detalhado dos UAPs, a ciência estará falhando em investigar possíveis falhas em seu próprio entendimento das leis da natureza”, escreve Platzer.
Ele compara o caso dos UAPs à anomalia orbital de Mercúrio, que motivou Albert Einstein a desenvolver a teoria da relatividade geral. Para o autor, a ciência deveria demonstrar o mesmo nível de interesse por fenômenos que desafiam os modelos atuais.
Interesses militares e censura informacional
O texto também levanta a hipótese de que parte da informação sobre UAPs possa estar classificada por motivos militares ou de segurança nacional. Platzer aponta que governos frequentemente restringem a publicação de pesquisas em áreas sensíveis, como armamentos nucleares, biológicos e químicos — e que os UAPs podem se enquadrar nessa lógica.
Essa possível restrição estatal à circulação de informações dificulta ainda mais a atuação da comunidade científica, que permanece no escuro sobre os dados disponíveis, tornando improvável que qualquer conclusão definitiva sobre os UAPs seja alcançada em curto prazo.
“É uma situação de conflito direto com o ideal científico de livre circulação do conhecimento”, afirma Platzer.
Reconhecimento institucional
O autor lembra que o periódico Progress in Aerospace Sciences, do qual é editor, foi fundado com a missão de abordar de forma crítica os avanços na ciência aeroespacial. Segundo ele, é hora de aplicar esse rigor analítico também aos UAPs, em vez de tratá-los como tema marginal.
“A comunidade científica precisa parar de ignorar essas ocorrências apenas porque elas desafiam os paradigmas atuais”, conclui o professor.
Fontes
https://doi.org/10.1016/j.paerosci.2025.101096
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0376042125000223