Puthoff detalha bastidores de mais de dez naves não-humanas sob custódia dos EUA e outros países

Em três horas de conversa com Joe Rogan, o físico Hal Puthoff deslizou da física quântica clássica ao coração de programas secretos, costurou seu passado dentro da CIA, confirmou que pelo menos dez veículos inteiros de origem não-humana estão em poder de autoridades norte-americanas e descreveu como a ocultação dessa tecnologia passou a funcionar como freio ao próprio poderio dos Estados Unidos. A narrativa foi tão minuciosa que coube a Rogan, e não ao convidado, encerrar a gravação quando o cronômetro estourava: “Temos material para vários volumes de história contemporânea”.

Dos lasers de Stanford à “unidade de loucuras” da CIA

O currículo oficial de Puthoff poderia terminar em 1967, quando ele patenteou um laser infravermelho de faixa larga e co-escreveu Fundamentals of Quantum Electronics, manual que formou gerações de engenheiros. Mas a curiosidade sobre consciência — inflamada após ler que Cleve Backster detectara reações elétricas em plantas ligadas a polígrafo — empurrou o jovem pesquisador para aquilo que chama de “lado estranho”. Quando propôs um teste simples: cultivar algas em dois laboratórios, separá-las e disparar um laser numa metade para checar se a outra responderia, não imaginava que seu protocolo circularia numa festa em Nova Iorque, cairia nas mãos do artista Ingo Swann e, na sequência, atrairia a CIA para dentro do Stanford Research Institute.

Swann, desafiado a influenciar um chip quântico protegido por blindagem elétrica, magnética e criogênica, não apenas modificou o sinal do dispositivo como desenhou o circuito interno — informações jamais publicadas. O efeito derrubou a descrença de analistas federais. “Vocês acabam de comprovar que o inimaginável pode atravessar cofres e cofres de aço; precisamos descobrir até onde isso vai”, lembraria um dos agentes, anos depois, ao justificar o primeiro contrato de 60 mil dólares para o agora célebre programa de Visão Remota.

Vinte e três anos de espionagem psíquica

A maioria das histórias militares sobre percepção extrassensorial ainda permanece classificada, mas Puthoff pôde recitar os marcos que já vazaram por relatórios desclassificados. Em meados dos anos 1970, o ex-chefe de polícia Pat Price descreveu de memória títulos ultrassecretos trancados em Sugar Grove, instalação da NSA, e mapeou, só a partir de coordenadas, um guindaste descomunal em Semipalatinsk, complexo soviético que seria confirmado por satélite semanas depois. O ponto de virada, entretanto, ocorreu quando um bombardeiro Tu-22 caiu em selva africana. Dois “viewers” alojados no laboratório de Menlo Park marcaram um X num mapa; a equipe de resgate localizou o destroço três quilômetros ao norte daquele ponto, façanha celebrada anos mais tarde pelo ex-presidente Jimmy Carter como “o evento mais inacreditável que vivi na Casa Branca”.

Puthoff recorda que a cúpula de inteligência mantinha ambivalência curiosa: generais de patentes medianas chamavam o SRI de “circo de charlatães”, enquanto diretores — os homens que tomam decisões sem dados completos — pediam sessões de cinco horas, estendendo briefings planejados para quarenta minutos. “Chegamos à hipótese de que quem alcança o topo talvez use, ainda que inconscientemente, o mesmo radar interno que estávamos medindo em laboratório”, conta. Experimentos posteriores com executivos da Fortune 500 mostraram correlação entre lucros e acertos em testes de clarividência: os CEOs que “confiavam no instinto” lideravam as empresas mais rentáveis.

A engrenagem da física que (talvez) sustenta milagres

Em pleno ímpeto cético, o SRI submeteu os fenômenos a todo tipo de obstáculo. Submarinos mergulhados a mais de cem metros, num mar cuja salinidade bloqueia sinais eletromagnéticos, geraram resultados idênticos aos obtidos em superfície. Foi a pista decisiva para Puthoff descartar ondas convencionais e buscar pistas no entrelaçamento quântico, onde correlação instantânea independe da distância. Anos depois, a observação de que Júpiter possui um anel tênue — predita por Ingo Swann antes da sonda Voyager capturar a imagem — reforçou a suspeita de que não há limite espacial para o fenômeno.

A discussão avançou para a vida comum. Puthoff citou o caso do santo barroco José de Cupertino, canonizado apesar — ou por causa — das levitações em plena celebração. Uma equipe que vasculhou autos inquisitoriais do século XVII concluiu que o Vaticano tentava esconder o frade justamente porque não conseguia explicar a física do êxtase. O pesquisador arrisca: se a energia do vácuo quântico é 120 ordens de magnitude maior que qualquer fonte conhecida, talvez estados alterados de consciência consigam “puxar um fiapo desse mar invisível” e manifestar efeitos anômalos.

Para sistematizar hipóteses, ele rabiscou numa folha duas colunas. À esquerda, listou todos os comportamentos absurdos atribuídos a discos voadores — quedas verticais instantâneas, curvas em ângulo reto a velocidades hipersônicas, mudança de cor e volume, queimaduras de ultravioleta em observadores terrestres. À direita, manipulou as equações da Relatividade Geral como seria feito com as de Maxwell na construção de um rádio. Resultado: os cálculos permitiam cada absurdo da coluna vizinha, desde que se disponha de energia comparável a centenas de sóis. Conclusão provisória: “Não é mágica; é engenharia que ainda não dominamos”.

Como os UAPs entraram na agenda do Pentágono

Quando o entusiasmo científico parecia domesticado, o tema ganhou nova camada. No fim dos anos 1990, Robert Bigelow, bilionário de Las Vegas apaixonado por aviação, contratou Puthoff para examinar relatos de abduções, naves e metamateriais coletados por caçadores de UFOs. Em 2004, um think-tank ligado ao governo Bush convocou o físico para um exercício hipotético: e se Rússia, China e Estados Unidos guardassem, de fato, destroços “não-humanos”? Grupos de analistas listaram sessenta setores afetados — de Bolsa de Valores a teologia — e atribuíram notas de impacto de -9 a +9. Todos os times fecharam com saldo negativo, e a orientação foi: “Segurem a divulgação”.

Quatro anos depois, três senadores — Harry Reid, Daniel Inouye e Ted Stevens — criaram uma rubrica orçamentária invisível que financiou o Advanced Aerospace Weapons System Application Program (AAWSAP). Jim Lacatski, físico da Agência de Inteligência da Defesa, escolheu justamente Bigelow para executar o contrato. Coube a Puthoff coordenar 38 relatórios técnicos sobre fusão aneutrônica, wormholes, métricas do espaço-tempo e metamateriais. O material, hospedado num servidor conhecido como JWK, ficou tão popular entre engenheiros credenciados que nem mesmo o Pentágono conseguiu retirá-lo sem enfrentar protestos internos; boa parte vazou por solicitações FOIA.

O fragmento que custou um milhão de dólares

No auge das investigações, Linda Moulton Howe recebeu de um ex-militar pedaços laminados de bismuto e magnésio, supostamente recolhidos em Roswell. O artefato passou vários anos sob estudo amador até que a To The Stars Academy — fundada por Tom DeLonge, Jim Semivan e Puthoff — assinou acordo com o Exército: os destroços seriam avaliados no Laboratório Nacional de Oak Ridge. A isotopia revelou-se terrestre, mas a laminação continha camadas tão finas que, quando uma empresa aeroespacial tentou reproduzir a solda, quebrou instrumentos e consumiu mais de um milhão de dólares sem êxito. O laudo classificou o objeto como “anomalia sem paralelo industrial”.

Dez naves completas e a sabotagem a silos nucleares

Quando Rogan perguntou se os Estados Unidos têm tecnologia própria capaz de manobrar como o Tic-Tac filmado em 2004, Puthoff foi taxativo: “Até onde sei, oito dezenas de mil pés para o nível do mar em menos de um segundo e curva de noventa graus a Mach 10 não cabem no nosso arsenal”. Admitiu, porém, que projetos negros podem ter avançado sobre engenharia reversa em silêncio — situação que explicaria a disputa feroz por compartimentos segregados. Ainda assim, o físico calcula dez veículos inteiros em solo americano. Parte deles teria chegado “por doação”, e não apenas por queda, hipótese semelhante à sugerida pela pesquisadora Diana Pasulka.

O histórico de interferências em armas nucleares reforça o alerta de segurança. Em Malmstrom, Montana, mísseis Minuteman ficaram inoperantes após sobrevoo de luzes. Na Rússia, anos depois, a sequência de lançamento foi ativada e desligada por um objeto não identificado. Para Puthoff, tais episódios sustentam duas leituras opostas: advertência benevolente para que a humanidade abandone o gatilho atômico ou ensaio hostil de supressão de defesa.

O rolo compressor legislativo

O impulso final para quebrar o segredo talvez tenha vindo de fora do governo. Em 2017, o New York Times publicou reportagem de Leslie Kean revelando a existência do AATIP e exibindo três vídeos da Marinha. A matéria, escrita com ajuda indireta de Puthoff, que facilitou entrevistas com pilotos e liberou documentos, tornou o termo UAP aceitável no jargão oficial. Na esteira da matéria surgiram os depoimentos de David Grusch, que entregou à Inspeção-Geral da Comunidade de Inteligência trinta páginas acusando contratos corporativos de esconder corpos e naves.

O Congresso reagiu com o UAP Disclosure Act. O texto, elaborado por Chuck Schumer e Mike Rounds, menciona o termo “inteligência não-humana” mais de vinte vezes, prevê domínio eminente sobre qualquer destroço e cria um painel presidencial de nove membros para decidir o que divulgar. A emenda passou no Senado, sofreu poda na Câmara, mas terá nova tentativa este ano. Paralelamente, a deputada Anna Paulina Luna convocou audiências para cobrar a publicação integral dos dossiês sobre assassinatos presidenciais, arquivos de Jeffrey Epstein e, no mesmo pacote, os FANI.

A encruzilhada: anistia limitada ou guerra jurídica infinita

Puthoff não ignora o passivo legal. Se empresas A, B e C receberam materiais nos anos 1950 e 1960, lucraram com patentes derivadas e mantiveram concorrentes na ignorância, a divulgação plena pode gerar ações bilionárias. A única saída, na visão dele, será anistia negociada: quem entregar acervo histórico e colaborar com pool de cientistas ganha imunidade parcial; quem persistir no segredo perde contratos federais.

O problema não é mais se vamos revelar, é encontrar um modelo de transparência que não jogue nossa vantagem no colo de um adversário”, resume.

A aposta na comunicação quântica

Enquanto o relógio político corre, Puthoff ergue nova frente de pesquisa ao lado do empresário John-Paul DeJoria. A ideia nasceu num contrato ultrassecreto dos anos 1990, arquivado por falta de hardware: transmitir sinais que não carregam campo elétrico nem magnético — portanto atravessam água salgada e plasma de reentrada — e detectá-los com circuitos criogênicos de 3,7 kelvins. Agora que a corrida pelos computadores quânticos barateou junções Josephson e blindagens térmicas, o projeto saiu da gaveta. Caso funcione, navios e sondas espaciais ganharão “canal fantasma” à prova de interferência, e o próprio cérebro humano — cujos microtúbulos podem agir como sensores quânticos — vira potencial antena.

Horizonte de dez anos

No fecho do podcast, Rogan perguntou o que aconteceria se Donald Trump — ou qualquer presidente — fosse à TV confessar: “Temos dez naves de fora deste mundo”. Puthoff sorriu: “Há vinte anos isso implodiria Bolsas, púlpitos e cátedras; hoje a cultura pop já fez metade do trabalho”. Ele calcula dez anos para um anúncio oficial que, mesmo filtrado, apresente provas físicas, cronologia de resgates e um plano de pesquisa aberto a universidades. Até lá, o documento-bomba é o filme “The Age of Disclosure”, de Dan Farah, já exibido em première no South by Southwest, que reúne depoimentos de 38 insiders, entre eles Jay Stratton, ex-chefe da força-tarefa UAP.

Se a previsão se cumprir, as gerações futuras talvez vejam 2025 como o ano em que a ciência aceitou que a Terra nunca foi condomínio exclusivo da espécie humana — e em que a política descobriu que, em alguns assuntos, preservar o segredo custa mais caro do que revelá-lo.


Fontes

#2314 – Hal Puthoff – The Joe Rogan Experience | Podcast on Spotify

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