A revista Popular Mechanics publicou uma matéria discutindo como a humanidade está totalmente despreparada para um primeiro contato com vida extraterrestre, apesar dos avanços científicos e do crescente interesse governamental pelo tema. Embora a ficção científica muitas vezes retrate governos prontos para agir, especialistas afirmam que, na realidade, não há um plano concreto para lidar com essa eventualidade.
A busca por extraterrestres e a falta de um plano oficial
Cientistas já consideram inevitável a descoberta de vida alienígena. Projetos como o Habitable Worlds Observatory (HWO) estão à procura de biossinais em outros planetas, enquanto o governo dos EUA, desde 2021, intensificou seus esforços para investigar UFOs por meio do programa da Office of Naval Intelligence e, mais recentemente, do All-Domain Anomaly Resolution Office, que já recebeu 757 relatórios de UFOs.
Apesar desse interesse crescente, não há informações públicas sobre protocolos governamentais para um primeiro contato. O diretor do SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence), Seth Shostak, acredita que as autoridades não possuem um plano estruturado, e Nick Pope, ex-pesquisador de UFOs do Ministério da Defesa britânico, alerta que os protocolos científicos atuais não abrangem o que fazer caso os alienígenas realmente cheguem à Terra.
Protocolos científicos e simulações
A comunidade científica já estabeleceu diretrizes sobre a detecção de sinais alienígenas. Desde 1989, o SETI mantém protocolos de pós-detecção, atualizados em 2010 e 2022, para lidar com a confirmação de possíveis sinais extraterrestres. Além disso, em 2023, pesquisadores simularam um primeiro contato enviando uma mensagem codificada de Marte, que foi decifrada por cientistas cidadãos.
A NASA, por sua vez, organizou um workshop em 2024 para discutir estratégias de comunicação diante da descoberta de vida alienígena e supervisiona o Office of Planetary Protection, responsável por prevenir a contaminação da Terra por possíveis organismos extraterrestres.
O risco e a resposta militar
Se um contato com alienígenas avançados ocorresse, a principal preocupação dos governos provavelmente seria a segurança nacional. Shostak ressalta que qualquer civilização capaz de viajar até a Terra teria um nível tecnológico imensamente superior ao nosso, tornando qualquer tentativa de resistência militar inútil. Para Pope, diante de uma situação dessas, governos recorreriam a planos militares de defesa, e não a protocolos acadêmicos.
Ainda assim, o primeiro sinal de vida alienígena provavelmente será microbiano, encontrado em asteroides ou luas como Europa (Júpiter) e Titã (Saturno). Caso o contato ocorra com uma civilização distante, é mais provável que seja apenas um registro de tecnossinais, como transmissões de rádio de uma espécie que pode já estar extinta.
Diante desse cenário, se um primeiro contato acontecer, a humanidade deverá reagir da mesma forma como tem feito diante dos maiores desafios históricos: improvisando conforme os acontecimentos se desenrolam.
Fonte: Popular Mechanics
