O Departamento da Marinha dos EUA liberou documentos sigilosos que detalham a estrutura e os objetivos da Força-Tarefa de Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAPTF), revelando uma operação altamente coordenada e classificada desde sua origem. A divulgação aconteceu quase cinco anos após o pedido inicial de acesso feito pelo site The Black Vault.
A solicitação, protocolada em 14 de agosto de 2020, exigia acesso a documentos relacionados à criação da UAPTF, incluindo declarações de missão, e-mails, memorandos e cartas. O pacote de documentos, divulgado em 22 de abril de 2025, revela a existência de uma carta de fundação altamente confidencial, datada de setembro de 2020 e assinada pela Atividade de Inteligência Naval (NIA), delineando a missão, objetivos e estrutura de comando da força-tarefa.
Figuras citadas
Nome | Cargo | Cidade | Programas envolvidos |
---|---|---|---|
Scott Bray | Diretor da Atividade de Inteligência Naval | — | UAPTF |
Jay Stratton | Ex-diretor da UAPTF | — | UAPTF |
— | Subsecretário de Defesa Adjunto | — | UAPTF, EXCOM |
— | Subsecretário da Marinha | — | UAPTF |
Missão da força-tarefa
Segundo a introdução desclassificada do documento, a UAPTF foi uma entidade criada por determinação do Congresso e do Subsecretário de Defesa, com a missão de coletar, explorar e analisar dados operacionais, científicos e técnicos sobre fenômenos aéreos não identificados (UAP). O objetivo era evitar surpresas estratégicas e enfrentar ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos.
A carta especifica que a UAPTF deveria atuar em colaboração com todo o Departamento de Defesa, a Comunidade de Inteligência (IC) e outras agências governamentais, consolidando análises sobre veículos aeroespaciais não tradicionais e avançados.
Estrutura e supervisão
A liderança da força-tarefa foi atribuída ao Diretor da NIA, com prestação de contas periódica ao Subsecretário da Marinha e ao Subsecretário de Defesa Adjunto. Um dos pontos mais reveladores do documento é a existência de um Comitê Diretor Executivo (EXCOM), cuja criação não havia sido divulgada anteriormente.
“O diretor da UAPTF deveria fornecer atualizações periódicas, por meio da cadeia de comando, ao Comitê Diretor Executivo da UAP e seus representantes designados, para apoiar a missão de supervisão do EXCOM.”
Embora os nomes dos integrantes ou funções específicas do EXCOM não tenham sido divulgados, seu papel de supervisão direta indica uma camada de governança de alto nível, inédita nos relatos públicos sobre a UAPTF ou sua sucessora, o Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios (AARO).
Redações e sigilo
Grande parte do conteúdo divulgado permanece censurada sob as exceções (b)(1) e (b)(6) da FOIA, com base na Ordem Executiva 13526, que trata de planos militares, atividades de inteligência e vulnerabilidades de sistemas. A profundidade dos cortes indica que o governo dos EUA tratava a missão da UAPTF como altamente sensível, contradizendo declarações anteriores que minimizavam sua importância.
Um exemplo disso foi uma reportagem do New York Post, que descreveu a força-tarefa como um “desperdício completo de dinheiro” e seu então diretor, Jay Stratton, como “completamente maluco”. A existência de documentos ainda classificados com nível de sigilo “SECRETO” quase cinco anos após sua criação enfraquece esse tipo de narrativa.
Contatos entre Forças Armadas
Dois memorandos adicionais, datados de 23 de setembro de 2020, revelam iniciativas formais de coordenação entre a NIA e oficiais da inteligência do Exército e da Força Aérea. Embora repitam parte do conteúdo da carta original, eles confirmam que a UAPTF foi idealizada desde o início como uma força interagências, com foco tanto em inteligência estratégica quanto em ameaças operacionais em tempo real.
A carta de resposta ao pedido de FOIA ainda informa que outros documentos foram encaminhados ao Gabinete do Subsecretário de Defesa para Inteligência e Segurança (OUSD[I&S]) para análise adicional, sugerindo que mais informações podem ser liberadas futuramente.
O site The Black Vault entrou com recurso para contestar os cortes aplicados. Atualizações serão publicadas conforme os resultados forem divulgados.