Nos últimos meses, uma onda de avistamentos de drones em Nova Jersey e em várias partes dos Estados Unidos tem gerado discussões acaloradas e especulações. Em meio a esse cenário, Sean Kirkpatrick, ex-diretor do All-Domain Anomaly Resolution Office (AARO) do Departamento de Defesa dos EUA, publicou um artigo na Scientific American, traçando um paralelo entre as reações a esses drones e as “exageradas” respostas ao fenômeno UFO (ou UAP, Fenômenos Aéreos Não Identificados).
“De certa forma, isso é um progresso,” afirma Kirkpatrick, sugerindo que incidentes antes associados a OVNIs agora são “corretamente” classificados como drones. No entanto, a ironia de seu discurso é evidente: enquanto se gaba da suposta evolução na identificação de fenômenos aéreos, ele ignora as implicações mais profundas que muitos desses avistamentos podem ter.
Reações Públicas e “Ameaças Imaginárias”
Kirkpatrick não poupa esforços para desdenhar das reações públicas aos drones misteriosos. Um deputado estadual de Nova Jersey acusou o governo de “mentir” sobre os avistamentos, enquanto o presidente eleito sugeriu que os drones deveriam ser derrubados. Para Kirkpatrick, essas reações são “irracionais” e desnecessárias, como se a preocupação do público com objetos não identificados em espaços aéreos restritos fosse um exagero.
“Chamadas para derrubar objetos voadores não apenas apresentam questões óbvias de segurança, mas também ignoram as restrições já estabelecidas pelo Congresso e pela Casa Branca,” comenta ele. Apesar disso, o tom parece mais preocupado em ridicularizar a inquietação pública do que em abordar a complexidade dos fenômenos observados.
“Drones com Luzes” e o Argumento da Simplificação
Entre os argumentos de Kirkpatrick está o fato de que drones possuem luzes para evitar colisões, um detalhe técnico que ele considera suficiente para acalmar o público. “Se quisessem passar despercebidos, os operadores desligariam as luzes,” afirma. A questão que ele evita é que muitos dos avistamentos relatados descrevem comportamentos e padrões de voo que extrapolam as capacidades conhecidas da tecnologia comercial disponível.
Além disso, ele menciona que muitos avistamentos podem ser atribuídos a interpretações erradas de aeronaves tripuladas ou satélites, como os da Starlink. Ainda assim, Kirkpatrick pouco se preocupa em considerar hipóteses mais abrangentes, preferindo simplificar os fenômenos de maneira quase condescendente.
Hipóteses Convenientes
Para Kirkpatrick, os drones em questão podem ser qualquer coisa: de operadores domésticos amadores a tentativas de provocar reações públicas ou até espionagem. Ele sugere que esses drones estão sendo usados por “atores mal-intencionados” para medir reações governamentais e civis.
Curiosamente, enquanto apresenta essas hipóteses, Kirkpatrick omite deliberadamente as implicações mais controversas e potencialmente alarmantes: e se esses drones forem tecnologias avançadas não atribuídas a atores conhecidos? E se esses avistamentos não forem tão facilmente explicáveis?
A Persistência em Minimizar
Kirkpatrick conclui seu artigo afirmando que, assim como os UAPs, os drones provavelmente não têm uma única explicação. Essa aparente concessão, no entanto, soa mais como um esforço para esvaziar qualquer seriedade nos fenômenos. Ao descrever os avistamentos como “progresso”, Kirkpatrick parece mais interessado em encerrar o debate do que em explorá-lo profundamente.
Para muitos críticos, incluindo aqueles que acreditam que há mais nos céus do que drones com luzes, a abordagem de Kirkpatrick reflete um padrão recorrente: desviar, simplificar e minimizar. A complexidade dos fenômenos aéreos – sejam eles drones ou algo além disso – continua sendo uma questão que merece mais do que explicações preguiçosas e tom professoral.
Para mais informações, acesse o artigo completo na Scientific American.