Uma palestra marcada para dezembro, no College of the Rockies, no Canadá, promete revisitar um tema que volta e meia mexe com a imaginação do público: as chamadas “religiões dos OVNIs”, grupos que interpretam a presença de vida extraterrestre como fonte espiritual. O encontro, ainda não realizado, carrega o título Believing the Unbelievable: UFO Religions and the Human Search for Meaning, que significa “Acreditando no inacreditável: religiões dos OVNIs e a busca humana por significado”. A ideia é explorar por que certos movimentos misturam crenças espirituais com narrativas ufológicas, e como isso reflete uma necessidade humana antiga: fazer sentido do desconhecido.
O palestrante, o pesquisador C. Shaun Longstreet, trabalha com religião comparada, área que estuda como diferentes culturas criam sistemas de crença. Ele pretende abordar um ponto simples e direto: quando o mundo parece confuso, muitas pessoas encontram consolo em explicações que unem tecnologia, mistério e espiritualidade. É nesse espaço que surgem grupos que interpretam contatos ou avistamentos como mensagens cósmicas. Essa linha de pensamento costuma ser chamada de “movimento ufológico espiritual”, que é qualquer corrente que mistura a ideia de inteligência extraterrestre com propósito de vida.
Embora a palestra ainda vá acontecer, o tema é bem conhecido por estudiosos. Pesquisadores lembram que movimentos como os Raëlianos, criados nos anos 1970, ou o já extinto Heaven’s Gate, dos anos 1990, mostraram como a combinação de ciência, ficção e busca emocional pode gerar sistemas religiosos inteiros. Para os especialistas, o fascínio não vem de “provas de ETs”, mas do sentimento de pertencimento. Grupos assim oferecem comunidade, narrativa e esperança — elementos que as religiões tradicionais também fornecem, mas que alguns percebem como distantes no mundo atual.
O interesse renovado por UAPs, sigla para Fenômenos Anômalos Não Identificados, termo oficial usado por governos para evitar a palavra “OVNI”, também contribui para o debate. A crescente divulgação de relatórios militares, depoimentos e investigações formais ampliou o espaço para interpretações culturais e espirituais. Ainda que essas discussões sejam muito diferentes da ciência que estuda UAPs, ambas se encontram em um ponto: o ser humano tenta entender o que vê no céu e o que sente por dentro.
A palestra, portanto, funciona mais como espelho do nosso tempo do que como promessa de revelações.
Fontes:
https://www.e-know.ca/regions/cranbrook/exploring-ufo-religions-and-human-search-for-meaning/
https://books.google.com.br/books?id=1nsazah-mEQC







