A NASA e o governo dos EUA foram alertados pela Comissão Bipartidária de Biodefesa sobre a necessidade urgente de lidar com ameaças biológicas emergentes resultantes da exploração espacial. Com a intensificação da exploração do cosmos, os riscos biológicos, tanto de organismos terrestres como extraterrestres, aumentam consideravelmente.
Riscos Biológicos na Exploração Espacial
A exploração espacial, seja por meio de sondas ou missões tripuladas, apresenta o risco de introdução de organismos da Terra em ambientes extraterrestres e vice-versa. A Comissão alerta que microrganismos trazidos de volta ao nosso planeta podem representar sérias ameaças à saúde humana, animal, vegetal e aos ecossistemas.
Além disso, os voos espaciais têm a capacidade de reativar vírus latentes em astronautas, como o herpes e o Epstein-Barr, aumentando a eliminação viral e potencialmente colocando todos a bordo em risco. O ambiente espacial também enfraquece os sistemas imunológicos dos astronautas, tornando-os mais vulneráveis a doenças.
Ações Recomendadas pela Comissão
O relatório da Comissão de Biodefesa recomenda a criação de uma Junta de Biodefesa Planetária pela NASA, com ligação direta à Casa Branca, e a capacitação do Escritório de Proteção Planetária da NASA para regular e policiar o transporte de patógenos no espaço. A NASA já adota medidas para evitar a contaminação cruzada entre a Terra e outros corpos celestes, mas o relatório sugere que essas práticas precisam ser intensificadas.
Um ponto crítico é a adaptação dos laboratórios de contaminação da NASA para lidar com amostras celestes de alto risco. Espera-se que as primeiras amostras de Marte cheguem em 2033, e os laboratórios existentes atualmente não são considerados seguros o suficiente para manipular essas amostras delicadas.
Debate sobre os Riscos
Embora alguns especialistas acreditem que os perigos de patógenos extraterrestres sejam exagerados, estudos indicam que patógenos podem se tornar mais infecciosos no espaço devido à maior exposição à radiação, que pode causar mutações nos vírus, e ao enfraquecimento dos sistemas imunológicos dos astronautas.
Gary Trubl, microbiologista do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, argumenta que a chance de trazer algo perigoso de volta é mínima, pois os organismos são adaptados aos seus ambientes específicos. No entanto, a possibilidade de um vírus terrestre se transformar em uma versão mais letal no espaço não pode ser descartada.
Necessidade de Preparação e Regulamentação
Desde as primeiras missões Apollo, a NASA adota medidas rigorosas de quarentena para proteger a saúde dos astronautas e evitar surtos de doenças. No entanto, a Comissão destaca a necessidade de mais pesquisas para compreender plenamente o impacto das viagens espaciais na vida na Terra e a importância de regulamentações mais robustas à medida que mais países e empresas investem em exploração espacial.
A Comissão de Biodefesa insta a NASA e outras entidades a agir imediatamente para desenvolver tecnologias e protocolos de contenção que garantam a segurança ambiental e da saúde pública diante dos novos desafios biológicos apresentados pela exploração espacial.
Fonte: The Telegraph