O Federal Bureau of Investigation (FBI) passou a reconhecer oficialmente os Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs) dentro da categoria de sistemas não tripulados (UxS), como drones aéreos e subaquáticos, em uma nova diretriz de segurança distribuída no fim de outubro de 2025.
O documento, intitulado Unmanned System Incursions of DoD Installations and Defense Critical Infrastructure Sites, foi revelado por Ross Coulthart e confirmado pelo NewsNation. Trata-se de uma “slicksheet” interna emitida pelo Office of the Private Sector (OPS) do FBI, com classificação TLP:GREEN, o que permite compartilhamento dentro da comunidade de defesa e segurança, mas não em canais públicos.
Contexto
A circular marca o início de um projeto interprogramático de ameaça, criado para responder ao uso potencial de sistemas não tripulados — por atores estatais ou não estatais — contra instalações do Departamento de Defesa (DoD) e infraestruturas críticas de defesa (DCI).
O texto aponta um aumento recente de incursões sobre áreas sensíveis e alerta que esses sistemas podem ter o objetivo de “interromper operações ou testar políticas e capacidades de resposta dos Estados Unidos”.
“O FBI solicita a todos os parceiros do DoD — incluindo contratistas de defesa — que relatem todas as incursões de UxS por meio da plataforma eGuardian”, diz o documento.
Segundo o material, incidentes anteriores envolvendo violação de espaços aéreos restritos evidenciaram ameaças diretas a bases, pessoal e tecnologias militares.
Estrutura e aplicação
O manual orienta que todas as entidades com acesso ao eGuardian — incluindo agências federais, estaduais, locais e contratistas — devem registrar incursões de sistemas não tripulados na plataforma.
Os relatórios devem conter dados técnicos detalhados, como tipo de veículo, trajetória, altitude, luzes, anexos, quedas de objetos, comportamento de voo e tempo de observação.
Empresas sem acesso à plataforma oficial devem enviar registros por meio do portal tips.fbi.gov, seguindo o mesmo padrão de informações.
O FBI também reforça que, conforme o memorando de segurança nacional NSM-22, as infraestruturas críticas de defesa incluem bases militares, arsenais, portos, ferrovias e centros espaciais.
A definição inédita
O trecho final do documento confirma a informação revelada por Ross Coulthart:
o FBI passa a incluir UAPs — Fenômenos Anômalos Não Identificados — na lista oficial de sistemas não tripulados a serem reportados.
Highly automated, autonomous, and uncrewed systems and robotic vehicles designed to fly, move along the ground, or navigate on the surface or sub-surface of water, such as:
• Unmanned Aircraft Systems (UAS)
• Small-Unmanned Aircraft Systems (s-UAS)
• Unmanned Aerial Vehicles (UAV)
• Unmanned Underwater Vehicles (UUV)
• Remotely Piloted Vehicles (RPV)
• Unidentified Anomalous Phenomena (UAP)
• “Drones”
Essa é a primeira vez que o FBI reconhece formalmente os UAPs como parte de sua categoria operacional de “sistemas não tripulados”.
A inclusão coloca os fenômenos — antes tratados apenas pelo Pentágono e pela AARO — dentro da estrutura de segurança doméstica federal.
Integração com a FAA e novo modelo nacional
O documento do FBI replica a estrutura do manual “UAS Response Playbook”, já utilizado pela Federal Aviation Administration (FAA) no Public Safety Toolkit e no Drone Response Playbook Supplement.
A partir dessa integração, o FBI passa a adotar o formato civil da FAA, expandindo-o para casos de segurança nacional, inclusive envolvendo UAPs.
Essa cooperação interagências unifica pela primeira vez FAA, DoD, DHS e FBI sob um mesmo protocolo de resposta e registro de incursões não identificadas.
Por que é importante ser o FBI — e não o Pentágono
A presença do FBI no tema representa uma mudança institucional profunda, deslocando o foco de um assunto militar e sigiloso para uma questão de segurança pública e doméstica.
| Aspecto | Pentágono / AARO | FBI / OPS |
|---|---|---|
| Jurisdicional | Defesa militar externa | Segurança interna e civil |
| Transparência | Alta restrição de acesso | Sujeito à Lei de Acesso à Informação (FOIA) |
| Interlocutores | Forças Armadas e contratistas militares | Empresas civis, infraestrutura e contratistas |
| Foco operacional | Ameaças aéreas e espaciais | Incursões aéreas, marítimas e cibernéticas no território dos EUA |
| Impacto público | Indireto, via defesa nacional | Direto, envolvendo segurança e serviços civis |
Efeitos práticos
- Transparência ampliada: o FBI é obrigado por lei a responder a pedidos públicos de informação, o que pode tornar relatórios sobre UAPs acessíveis pela primeira vez.
- Integração civil-militar: empresas de energia, transporte e defesa passam a reportar diretamente ao Bureau, não apenas ao Pentágono.
- Segurança doméstica: o fenômeno UAP passa a ser assunto de vigilância nacional, com impacto sobre aeroportos, portos e redes críticas.
- Reorganização institucional: o FBI assume papel de liderança em relação à AARO, criticada por falta de transparência e baixa produção de resultados.
Repercussão política e institucional
A movimentação ocorre dias após a senadora Kirsten Gillibrand (D-NY), cofundadora da AARO, declarar que cerca de 50% dos casos de UAPs investigados continuam sem explicação.
Gillibrand defendeu que “o público precisa saber se os pilotos estão seguros e o que de fato está sendo observado no espaço aéreo americano”.
Fontes ligadas a investigações anteriores — como Robert Hastings, autor de UFOs and Nukes, e o ex-oficial Jay Stratton, líder da UAP Task Force — confirmaram que o FBI já coopera em casos envolvendo fenômenos próximos a instalações nucleares.
Analistas de segurança veem o documento como o primeiro passo de uma nova política interagências, que tira o monopólio investigativo do DoD e traz o tema UAP para dentro da jurisdição civil federal.
O papel da imprensa especializada
A divulgação do OPS Slicksheet pelo jornalista Ross Coulthart, confirmada por George Knapp e outros repórteres do circuito de defesa, desencadeou o debate sobre a extensão da atuação do FBI.
Embora o documento seja de circulação limitada (TLP:GREEN), seu conteúdo é verificável e legítimo, e já está sendo analisado por agências de imprensa e legisladores.
Coulthart afirmou ter recebido também um “UAS Response Playbook” de 49 páginas, ainda não divulgado, que deve detalhar a criação de coordenadores de contra-UAS em todos os escritórios regionais do FBI.
Esse segundo material, segundo ele, consolidaria a transição do monitoramento de UAPs do âmbito militar para o policial-federal.
Próximos passos
O NewsNation e a equipe de Ross Coulthart anunciaram que disponibilizarão as versões integrais dos documentos após verificação de autenticidade.
Enquanto isso, George Knapp prepara novas entrevistas com o físico James Lacatski, ex-chefe do programa AAWSAP, da Agência de Inteligência de Defesa (DIA), que deve abordar o legado dos projetos federais sobre tecnologia de origem desconhecida e a relação com a atual política do FBI.
🔗 Relação entre o manual do FBI e os protocolos da FAA
Os manuais da FAA servem como base estrutural para o modelo agora adotado pelo FBI.
Eles definem terminologias, responsabilidades de segurança pública e fluxos de reporte, que o Bureau ampliou para incluir incidentes potencialmente anômalos (UAPs).
A colaboração entre as duas agências representa o primeiro modelo nacional unificado de resposta a incursões não identificadas em território norte-americano.
Fontes
- NewsNation – Feds ask private sector to watch for UAPs (30 out. 2025)
- OPS Slicksheet – FBI Office of the Private Sector (TLP:GREEN), código S-241028-012 (documento obtido por Ross Coulthart)
- FAA – Public Safety Toolkit
- FAA – Drone Response Playbook Supplement
- Declarações de Kirsten Gillibrand, NBC News (nov. 2024)
- Relatos de Robert Hastings e Jay Stratton, 2025
- Análises de George Knapp e Ross Coulthart, NewsNation Live







