A segurança aérea europeia entrou em uma fase de tensão constante e respostas cada vez mais rápidas. A França descreve sua nova estratégia contra drones hostis como um muro de aço, expressão usada por operadores navais que hoje combinam armas tradicionais com guerra eletrônica, também chamada de jamming, técnica que bloqueia ou interfere nos sinais de controle de drones. Tudo isso vem sendo testado a bordo da fragata La Lorraine, que navegou pelo Mediterrâneo em treinamentos que imitam situações reais.
Durante um dos exercícios, o canhão naval de 76 mm disparou três projéteis até que um UAV (unmanned aerial vehicle, ou veículo aéreo não tripulado) simulado fosse declarado destruído. Pouco antes, um alvo representando um drone de superfície foi afundado após ser atingido por tiros de metralhadora de 12,7 mm, enquanto um marinheiro de 20 anos recebia aplausos pela precisão a 300 metros de distância.
O capitão Laurent Toncelli explicou que a marinha francesa está adaptando procedimentos porque os drones já transformam a guerra em vários cenários, da Ucrânia ao Mar Vermelho, e também no espaço aéreo europeu. Vários drones misteriosos foram detectados nos últimos meses sobre países da região, aumentando a tensão com a Rússia. O governo russo nega envolvimento.
Entre os sistemas testados estão novos sensores optrônicos instalados em um contêiner especial na popa da embarcação. Eles trabalham junto aos canhões Narwhal de 20 mm, operados remotamente, que mostram na tela do operador a porcentagem de confiança de que determinado ponto é um alvo real. Quando o valor ultrapassa um limite predefinido, o disparo pode ser autorizado com mais segurança.
A França, porém, não depende apenas de poder de fogo. Técnicos afirmam que a guerra eletrônica é essencial. No jamming, o drone é atingido por interferências que funcionam como um feixe de luz jogado direto nos olhos à noite, tirando sua capacidade de navegação. Essa técnica pode neutralizar vários drones ao mesmo tempo, evitando o uso dos mísseis Aster, que são muito mais caros e permanecem reservados para ameaças mais sérias. É esse conjunto de métodos rápidos e simultâneos que os oficiais chamam de muro de aço.

Enquanto a França treina no mar, a situação também preocupa os países do norte da Europa. Em 7 de dezembro, a Holanda acionou dois caças F-35 após um drone desconhecido ser detectado no espaço aéreo nacional. O Ministério da Defesa informou que o objeto não representava ameaça imediata e deixou a área antes de ser identificado. O tráfego aéreo continuou normal, mas o caso reforça uma sequência de ocorrências na região. Em 22 de novembro, militares holandeses chegaram a abrir fogo contra drones que sobrevoavam por horas a base de Volkel.
Incidentes desse tipo, combinados com o investimento acelerado da França em tecnologias de detecção e neutralização, mostram que a Europa vive um momento em que drones, sejam civis, militares ou simplesmente não identificados, já influenciam decisões estratégicas. A defesa continental está mudando a um ritmo rápido, construída com tiros certeiros, sensores cada vez mais inteligentes e camadas de interferência eletrônica que tentam impedir que qualquer ameaça chegue perto demais.
Fontes:
https://newsinfo.inquirer.net/2018181/french-navy-responds-to-drone-threat-with-jamming-and-a-wall-of-steel
https://www.unn.com.ua/en/news/2093360-the-netherlands-scrambled-two-f-35-fighter-jets-due-to-an-unknown-drone







