Uma nova versão sobre o caso dos drones e objetos luminosos vistos sobre Nova Jersey em novembro de 2024 vem causando indignação entre especialistas, militares e observadores civis. A polêmica surgiu após o New York Post divulgar que uma empresa privada teria assumido a autoria dos misteriosos voos, dizendo ter testado um protótipo de aeronave tripulada no mesmo período em que o fenômeno ganhou repercussão internacional.
A revelação, feita durante uma conferência militar em Fort Rucker (Alabama), foi recebida com descrença generalizada — e, para muitos, soa como uma manobra de marketing oportunista.
A alegação e o que não convence
Segundo o relato publicado, o representante da empresa afirmou casualmente:
“Lembram do grande susto com OVNIs em Nova Jersey no ano passado? Fomos nós.”
Imagens divulgadas pelo Post mostram um aparelho pequeno, de cerca de seis metros, com quatro asas e voo instável — muito diferente das luzes coordenadas, silenciosas e de grande porte que foram filmadas sobre o estado em 2024.
Analistas que acompanharam o caso apontam várias inconsistências lógicas e técnicas:
- Escala e comportamento – As luzes de Nova Jersey eram visivelmente maiores, estáveis e em formação coordenada, algo incompatível com o protótipo mostrado em Fort Rucker.
- Autorização de voo – A empresa alega ter sobrevoado áreas civis sob “contrato privado com o governo”, sem necessidade de aviso público — algo que seria ilegal e altamente improvável, especialmente sobre bases militares e zonas residenciais.
- Conveniência narrativa – O voo de demonstração ocorreu um ano depois dos eventos e foi imediatamente associado ao caso, sem qualquer prova documental, reforçando a impressão de autopromoção.
- Inconsistência visual – O protótipo apresentado é barulhento, instável e visível ao girar, enquanto as filmagens originais mostram objetos que desaparecem repentinamente e mudam de forma, características impossíveis de reproduzir com a aeronave exibida.
- Outros locais afetados – Fenômenos idênticos foram registrados na mesma época na Dinamarca e em outras partes da Europa. Se a empresa realmente fosse responsável, estaria operando em múltiplos países ao mesmo tempo, o que é absurdo.
O que está por trás da “confissão”
A hipótese mais plausível é que a empresa tenha usado a coincidência de datas para chamar atenção e valorizar sua tecnologia. Ao vincular o protótipo a um caso amplamente divulgado, o nome da companhia se espalha em círculos militares e na imprensa — mesmo sem oferecer provas concretas.
Essa estratégia, no entanto, gera o efeito contrário entre quem estuda seriamente o fenômeno dos UAPs: em vez de esclarecer, reforça a percepção de manipulação e desinformação.
“É como se cada passo em direção à transparência fosse seguido por três tentativas de confundir o público com explicações convenientes”, resumiu um analista ouvido pela reportagem.
Um padrão de distração
Desde o início do caso, a FAA e o Exército se mantêm em silêncio, e nenhuma investigação oficial esclareceu o que realmente sobrevoou Nova Jersey em novembro de 2024.
Primeiro, o governo disse que eram drones recreativos. Agora, uma empresa surge dizendo que era um protótipo experimental.
Nenhuma das versões se sustenta diante das filmagens, do número de testemunhas e da extensão geográfica dos avistamentos.
O episódio ilustra um padrão recorrente:
- Casos com grande repercussão recebem, algum tempo depois, explicações tardias e convenientes, sempre vindas de fontes privadas.
- Essas versões não apresentam evidências técnicas nem registros de voo.
- E, ao mesmo tempo, enfraquecem o debate sobre o que realmente está sendo observado no céu.
Conclusão
A tentativa de uma empresa privada de reivindicar a autoria dos drones de Nova Jersey não resiste a uma análise mínima de coerência técnica e cronológica.
A aeronave apresentada em Fort Rucker não corresponde às características observadas nos vídeos originais, e a narrativa de um “teste confidencial” soa como uma forma de explorar comercialmente o mistério.
Enquanto as autoridades mantêm silêncio, casos como este apenas alimentam a sensação de que há mais interesse em encobrir do que em esclarecer.