Os documentos recentemente divulgados pelo Black Vault sobre o Tenente Coronel Philip J. Corso, uma figura notória na comunidade de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs), trazem à tona interações intrigantes com o FBI e outras entidades governamentais. Embora não mencionem suas famosas alegações sobre tecnologia alienígena recuperada, os arquivos fornecem uma visão abrangente de suas atividades e suas interações com o governo.
Quem Foi Philip J. Corso?
Philip J. Corso serviu no Exército dos Estados Unidos por mais de vinte anos, principalmente em funções de inteligência. Ele ganhou notoriedade com a publicação de seu livro, The Day After Roswell, onde afirmou ter conhecimento direto sobre a recuperação e análise de tecnologia extraterrestre do incidente de Roswell, que ele alegava ter sido reversamente engenheirada para avançar a tecnologia americana. Apesar de sua fama na comunidade de OVNIs, os novos arquivos do FBI focam em suas interações mais amplas com o governo, sem mencionar suas histórias sobre OVNIs.
O Pedido de Verificação de Nome
Parte desses documentos trata de um pedido de verificação de nome feito entre 1964 e 1965. Esse procedimento é uma busca minuciosa realizada pelo FBI para investigar o histórico de um indivíduo, garantindo que não haja informações comprometedoras que possam afetar sua adequação para determinados cargos ou posições sensíveis. No caso de Corso, a verificação foi iniciada porque ele estava sendo considerado para uma posição no Subcomitê de Imigração e Nacionalidade da Câmara dos Representantes, presidido pelo Congressista Michael A. Feighan.
Os registros do FBI mostraram que Corso estava frequentemente em contato com o Bureau, fornecendo informações sobre atividades subversivas alegadas. No entanto, muitos de seus relatos careciam de evidências críveis. Essas informações foram detalhadas em uma carta do então Procurador-Geral em exercício, Nicholas deBelleville Katzenbach, enviada ao Congressista Emanuel Celler, então presidente do Comitê Judiciário da Câmara, do qual o Subcomitê de Imigração e Nacionalidade fazia parte.
Alegações de Corso e a Resposta do FBI
Um incidente específico mencionado nos documentos é quando Corso forneceu ao General Arthur S. Trudeau uma lista de indivíduos que ele alegava serem “Socialistas Fabian” dentro do governo dos EUA. Os “Socialistas Fabian” são membros de uma organização socialista britânica fundada em 1884, que advoga por uma transição gradual do capitalismo para o socialismo através de reformas, e não revoluções. O FBI revisou seus arquivos e concluiu que, embora houvesse informações desabonadoras sobre muitos desses indivíduos, não havia evidências suficientes para provar a validade das alegações de Corso.
Outro ponto revelador nos arquivos do FBI é o envolvimento de Corso na disseminação da alegação de que Lee Harvey Oswald, o assassino do Presidente John F. Kennedy, era um informante do FBI. Corso admitiu a um oficial do FBI que havia espalhado essa informação, alegando que vinha de fontes da CIA, mas recusou-se a identificar essas fontes, afirmando que suas alegações “foram meramente deduções sem base em fatos”.
Controvérsias com o Congressista Feighan
O Congressista Feighan teve problemas significativos com os resultados da verificação de nome, sentindo que as descobertas do FBI eram injustas e violavam os direitos civis de Corso. Em resposta às preocupações de Feighan, outro memorando foi circulado dentro do FBI, indicando que o Bureau mantinha sua avaliação original de Corso. O memorando enfatizou a necessidade de “esclarecer os fatos” sobre Corso, já que o FBI acreditava que Feighan estava mal informado sobre o histórico de Corso e a legitimidade das alegações contra ele. No final, Corso não foi autorizado a servir no Subcomitê de Imigração e Nacionalidade.
Novos Desenvolvimentos e Documentos Adicionais
Décadas depois, Corso ressurgiu nos arquivos do FBI, desta vez na forma de uma carta manuscrita de 1990 enviada ao Senador Strom Thurmond, onde Corso descreve seu conhecimento sobre um “dispositivo barométrico letal”. Esta comunicação foi motivada pela leitura de Corso sobre o bombardeio do voo 103 da Pan Am na edição de setembro de 1990 da revista Reader’s Digest. Em sua carta, Corso detalhou suas experiências com um dispositivo semelhante desenvolvido pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, na esperança de contribuir para os esforços de contraterrorismo.
Os documentos revelam que, apesar das alegações audaciosas de Corso, o FBI e outras agências federais expressaram preocupação sobre a credibilidade de suas afirmações, considerando que ele causou “muitas horas de trabalho e muito esforço” ao perseguir acusações infundadas.
Conclusão
Os detalhes desenterrados nesses documentos colocam as alegações ousadas de Corso em contraste com a realidade de suas alegações inconsistentes e muitas vezes não fundamentadas. Isso levanta questões sobre a credibilidade de suas famosas alegações de OVNIs, considerando seu histórico de fazer declarações sem fundamento ao longo das décadas. Além disso, vale notar que todos os documentos liberados foram escritos antes da implementação da Lei de Liberdade de Informação (FOIA), em uma época em que os funcionários do governo podiam expressar suas opiniões mais abertamente, sem antecipar que suas palavras seriam um dia escrutinadas pelo público.
O Black Vault continua a buscar documentos adicionais relacionados a Corso, que podem existir nos Arquivos Nacionais e Administração de Documentos (NARA). O site está ativamente perseguindo esses arquivos para investigar mais a fundo as alegações de Corso e a extensão de suas interações com as agências governamentais.
Fonte: The Black Vault
https://documents3.theblackvault.com/documents/fbifiles/1380241-001.pdf