Relatórios inéditos do Exército dos Estados Unidos, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, revelam incursões de drones em zonas aéreas restritas e monitoramento de fenômenos aéreos anômalos (UAPs) em bases militares nos Estados Unidos e no exterior. Os documentos, apesar de amplamente censurados, mostram envolvimento direto do Exército com o Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios (AARO) do Departamento de Defesa.
A divulgação dos registros ocorreu após um pedido protocolado em 11 de dezembro de 2024, sob o número 0034F-25. A resposta oficial do Comando de Inteligência e Segurança do Exército (INSCOM), datada de 15 de abril de 2025, confirma que os documentos contribuíram para o Relatório Anual Consolidado do AARO referente ao ano fiscal de 2024.
Os arquivos incluem registros de inteligência, memorandos, relatórios de investigação e comunicações internas produzidos entre 1º de maio de 2023 e a data de processamento do pedido. Vários trechos foram ocultados por razões de segurança nacional, proteção de métodos de inteligência e técnicas investigativas sensíveis.
Figuras mencionadas
Nome | Cargo | Cidade / Local | Programa / Ação Envolvida |
---|---|---|---|
Mountain West Resident Agency (MWRA) | Unidade de Inteligência | Região Oeste dos EUA | Monitoramento e identificação de UAP |
Dugway Proving Ground (DPG) | Base de Testes Militares | Utah | Exercício de identificação de UAP em junho |
Escritório de Campo dos Grandes Lagos | Unidade de Contrainteligência | Região do Lago Erie | Relatórios de UAP perto do Arsenal de Detroit |
Pilotos do Exército dos EUA | Aviadores militares | Área de Lake Erie | Entrevistas e acompanhamento de avistamentos |
Unidade do Exército na Arábia Saudita | Equipe de vigilância | Local não especificado | Relato de UAP/UAV e ajuste de processos |
Escritório de inteligência não revelado | Agência de coleta de detritos aéreos | Local não especificado | Coleta de material ainda classificado |
Destaques dos documentos
- Em Dugway Proving Ground (Utah), foi realizado um exercício militar em junho de 2023 com foco na detecção e confirmação visual de UAPs.
- A MWRA propôs a criação de um grupo de trabalho mensal para coordenar novas ações ainda em 2023.
- Um relatório de setembro detalha como a MWRA rastreia UAPs há algum tempo, ainda que a data inicial das observações permaneça confidencial.
- O Exército relatou limitações tecnológicas, como a incapacidade de radares estimarem altitude ou traços de voo precisos.
- Em Lake Erie, um documento datado de 26 de setembro de 2023 aponta atividade aumentada de UAP e articulação com o Arsenal de Detroit.
- Um relatório do dia 17 de julho de 2023 revela preocupações com atrasos na comunicação de avistamentos de UAPs na Arábia Saudita, levando o Exército a rever seus protocolos de reporte.
- Foram citados sistemas específicos como drones Phantom 4 da DJI, o sensor Windtalker e a Plataforma de Vigilância de Baixa Altitude (LASP), capazes de rastrear incursões a mais de 35 km de distância.
Áreas de interesse e vulnerabilidades
Zonas aéreas restritas como R-5107B (White Sands) e WVA (próxima ao Aeroporto Internacional de Albany) continuam registrando violações por drones não autorizados, mesmo sem auxílio de GPS. Segundo os registros, houve modificação dos sistemas para evitar transmissão de dados sensíveis, uma resposta direta a temores de espionagem digital.
Apesar das severas redações e da manutenção de partes sigilosas, os documentos oferecem uma rara visão da infraestrutura militar voltada à vigilância de fenômenos aéreos anômalos, em constante articulação com o AARO e outras agências federais. É uma das poucas confirmações documentadas do envolvimento sistemático do Exército norte-americano no rastreamento de UAPs como parte de um esforço interagências.