Diretor do AARO diz que nada em UFOs é classificado

Em entrevista à revista Scientific American, o diretor do Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios (AARO) do Departamento de Defesa dos EUA, Dr. Jon Kosloski, afirmou que “não há nada inerentemente classificado” sobre fenômenos anômalos. A fala, no entanto, entra em colisão frontal com a realidade de um sistema que trata até vídeo borrado de luz piscando no céu como segredo de Estado.

Transparência estilo militar: diga que é transparente, depois esconda tudo

Durante a entrevista, Kosloski garantiu que o AARO “deveria ser o mais transparente possível” e que não há motivo para esconder fenômenos desconhecidos — a não ser, é claro, quando há risco para as “fontes e métodos” de coleta de dados. A expressão mágica “fontes e métodos” foi usada pelo menos duas vezes, como se fosse um feitiço que apaga qualquer traço de informação pública.

Curiosamente, em março de 2024, o AARO publicou um relatório de apenas 63 páginas sobre 80 anos de investigações do governo dos EUA envolvendo UFOs. A profundidade da análise foi tão rasa que faria inveja a uma poça d’água. Kosloski ainda não era o diretor na época, mas hoje promete mais transparência… desde que isso não envolva liberar fotos, vídeos ou qualquer coisa remotamente útil para a ciência.

A guerra contra a luzinha no céu

Boa parte da culpa pelo véu de silêncio em torno dos UFOs pode ser atribuída ao Guia de Classificação de Segurança dos UFOs, elaborado pela Inteligência Naval em 2020. Esse documento ordena que qualquer evidência visual — sim, até aquele vídeo granulado filmado por um caça com uma GoPro dos anos 90 — seja automaticamente considerada “Secreta”.

Foi com base nesse guia que a Marinha dos EUA recusou liberar qualquer vídeo de UFOs, mesmo após pedidos pela Lei de Acesso à Informação. O guia também serviria para classificar retroativamente os famosos vídeos “Go Fast”, “Gimbal” e “FLIR1” — divulgados por ninguém menos que Chris Mellon, ex-subsecretário de Defesa para Inteligência.

Transparência para inglês ver

Kosloski insiste que o AARO quer liberar “o máximo de informação possível”. Mas até agora, tudo o que temos são promessas vazias, relatórios tímidos e vídeos que o público nunca verá. Segundo os documentos oficiais, qualquer informação além do nome da força-tarefa já é classificada.

Diante disso, uma recém-criada Força-Tarefa para Desclassificação de Segredos Federais deve investigar o AARO e o uso questionável do guia de segurança dos UFOs. A ideia, segundo o presidente do Comitê de Supervisão da Câmara, James Comer, é garantir que os americanos recebam “as respostas que merecem”.

Boa sorte.

Quando a transparência vira buraco negro

Se Kosloski realmente acredita que não há nada classificado por natureza nos fenômenos anômalos, talvez esteja na hora de encarar o elefante na sala: o Guia de Classificação que transforma qualquer vídeo de UFO em segredo de Estado. Enquanto esse documento continuar vigente, qualquer discurso sobre transparência soa tão confiável quanto promessas de político em época de eleição.

E para quem pensa que essa discussão não tem nada a ver com ufologia — pense de novo. O segredo absoluto em torno desses fenômenos não protege a segurança nacional; protege, no máximo, a narrativa conveniente de que tudo está sob controle. E cada camada de sigilo alimenta ainda mais as dúvidas sobre o que, afinal, está voando por aí — e por que não querem que a gente veja.

Fontes: Nothing inherently classified — except everything | Columnists | rdrnews.com

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