Em junho de 2021, o site investigativo The Black Vault entrou com um pedido baseado na Lei de Liberdade de Informação dos EUA (FOIA) para obter todas as comunicações entre a Administração Federal de Aviação (FAA) e a Força-Tarefa de Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAP). A solicitação também incluía trocas entre a FAA e o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI), que colaborou na criação de um relatório sobre os UAPs divulgado ao público no mesmo ano. O pedido tinha como objetivo desvendar qualquer tipo de colaboração ou informação que a FAA tenha fornecido, abrangendo desde emails até vídeos e gráficos.
A Recusa: Três Anos de Espera por Uma Negativa
Após mais de três anos de espera, a FAA finalmente respondeu em setembro de 2024 com uma negativa, alegando “segurança nacional” como justificativa para reter todos os documentos solicitados. O motivo invocado foi a Exceção 1 da FOIA, que cobre registros classificados ligados à segurança do país. Esse argumento levanta suspeitas, considerando que o próprio relatório sobre UAPs foi publicado de forma não classificada pelo ODNI. Ou seja, se o documento geral estava acessível ao público, por que todas as contribuições da FAA seriam classificadas como confidenciais?
A contradição é evidente. Por um lado, o relatório público de 2021 já mencionava a participação da FAA na pesquisa sobre UAPs, mas sem dar muitos detalhes. Agora, com a negativa baseada em “segurança nacional”, fica claro que há mais camadas nessa história do que o público inicialmente soube. Essa postura sugere que a FAA pode estar envolvida em investigações muito mais profundas ou sensíveis sobre os fenômenos do que se divulgou no relatório público.
O Papel Oculto da FAA e sua Divisão de Segurança (ASH)
Uma das revelações mais intrigantes é a participação da Divisão de Segurança e Materiais Perigosos da FAA (ASH). Essa divisão é responsável por questões de segurança aérea, incluindo o manuseio de materiais perigosos e a coordenação com outras agências federais em questões ligadas à segurança nacional. Isso levanta a questão: o que exatamente a ASH sabe sobre os UAPs, e por que essa informação é considerada tão sensível a ponto de ser bloqueada para o público?
A participação da ASH na investigação de UAPs é particularmente importante, pois essa divisão lida diretamente com ameaças potenciais à segurança do espaço aéreo dos EUA. Seu envolvimento pode sugerir que os UAPs representam um risco mais sério do que apenas fenômenos curiosos ou inexplicáveis.
A Hipocrisia na Justificativa da FAA
A justificativa da FAA ao reter informações por razões de “segurança nacional” revela uma hipocrisia gritante. A própria agência contribuiu para um relatório público sobre o assunto, e agora argumenta que todos os documentos relacionados são classificados. Isso dá a entender que o que foi divulgado ao público não é nem de longe o quadro completo, e a FAA, assim como outras agências, está ocultando detalhes críticos sob a justificativa genérica de proteger a segurança nacional.
Conclusão e Apelo do The Black Vault
Frente a essa negativa, The Black Vault não ficou parado e entrou com um apelo para contestar a decisão da FAA. Além disso, um novo pedido foi feito, desta vez focado especificamente no papel da Divisão de Segurança e Materiais Perigosos (ASH) da FAA, com a esperança de obter mais clareza sobre seu envolvimento nos estudos de UAPs.
Esse caso é um claro exemplo de como as agências governamentais, mesmo após anos de pressão pública e apelos legais, continuam a esconder informações cruciais sobre o fenômeno UAP.