O impasse político em torno do UAP Disclosure Act (UAPDA), proposto pelo senador Chuck Schumer, continua a se aprofundar no Congresso dos Estados Unidos. Nas últimas semanas, tanto na Câmara quanto no Senado, os principais nomes das comissões de Defesa — responsáveis por negociar a Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA) — evitaram responder sobre o destino do texto que trataria da liberação de informações sobre fenômenos aéreos não identificados (UAPs).
Em entrevistas exclusivas ao Ask a Pol UAP, os presidentes e líderes das comissões mantiveram silêncio ou desconversaram sobre o assunto, indicando um distanciamento crescente entre os defensores da transparência e os dirigentes das instâncias militares e legislativas.
Senado: silêncio constrangedor
Durante uma breve conversa registrada em 7 de outubro de 2025, o jornalista Matt Laslo interceptou o senador Roger Wicker, presidente da Comissão de Serviços Armados do Senado, nos corredores subterrâneos do Capitólio.
Laslo: “O senhor teve alguma conversa sobre a emenda do senador Schumer no NDAA?”
Wicker: “Bela tentativa. Cessei de dar entrevistas nos corredores.”
Após a negativa, Wicker apenas riu e entrou em um elevador reservado aos senadores, encerrando o diálogo. A resposta lacônica do republicano marca uma guinada em seu comportamento, já que em anos anteriores ele costumava ao menos reconhecer o tema.
Nos registros anteriores do Ask a Pol, Wicker já havia se limitado a declarações vagas:
- Em 2023, disse que o assunto “não estava em nosso nível no momento”.
- Em 2024, negou que sua equipe tivesse “mirado” o projeto de Schumer durante a tramitação do NDAA.
- Em março de 2025, ao ser questionado sobre drones e UAPs, afirmou: “Não quero ser citado sobre drones.”
A sequência de respostas evasivas reflete a resistência da liderança republicana da SASC em abordar publicamente qualquer aspecto relacionado ao UAPDA — uma postura que vem sendo criticada por ativistas e pesquisadores da área de transparência governamental.
Câmara: desconhecimento ou omissão?
No outro lado do Capitólio, o deputado Adam Smith (D-WA), membro sênior da Comissão de Serviços Armados da Câmara, também foi questionado por Laslo sobre o andamento do projeto durante as negociações da NDAA.
Laslo: “Nas discussões deste ano, o senhor ouviu algo sobre a emenda de Schumer — o UAP Disclosure Act?”
Smith: “Não. Sei que ele trabalhou nesse tema.”
Laslo: “Então nada até agora?”
Smith: “Não ouvi nada sobre isso.”
O parlamentar encerrou a conversa atendendo uma ligação e não voltou ao assunto.
A resposta confirma que, mesmo entre os democratas, a emenda de Schumer perdeu tração nas rodadas mais recentes de negociação — um contraste marcante com o entusiasmo observado em 2023, quando o projeto foi apresentado com apoio bipartidário inédito.
Um projeto cada vez mais isolado
A proposta de Schumer previa a criação de um conselho independente para supervisionar a liberação de arquivos sobre UAPs, inspirada em modelos de transparência usados para documentos sobre JFK e investigações históricas. No entanto, a versão atual do NDAA parece ter removido ou neutralizado completamente o texto.
“Se estão tentando minar a divulgação, precisamos saber por quê”, alertou recentemente a senadora Kirsten Gillibrand, uma das principais defensoras da emenda, em outro episódio do Ask a Pol UAP.
Enquanto isso, nenhum líder das comissões de defesa — nem na Câmara, nem no Senado — confirmou se o texto ainda será debatido ou reapresentado. O silêncio generalizado é visto por analistas como um sintoma de resistência institucional, em meio à crescente pressão pública por esclarecimentos sobre programas governamentais relacionados a fenômenos aéreos não identificados.
Reações do público
Nos comentários do Ask a Pol UAP, leitores expressaram frustração com o bloqueio do tema no Congresso:
“Quem precisamos subornar para fazer esse projeto passar?” — ironizou um usuário.
“O jeito mais rápido de assustar um congressista é perguntar sobre o UAPDA diante de uma câmera.” — comentou outro.
As reações refletem o cansaço de parte da sociedade americana com a falta de transparência e responsabilidade dos legisladores diante de um tema que, embora controverso, tem ganhado relevância política e midiática crescente.