Em uma entrevista recente ao The Anomalous Review, o podcast oficial da Scientific Coalition for UAP Studies (SCU), apresentado por Michael Glosson, Christopher Mellon, ex-Secretário Adjunto de Defesa dos EUA, abordou questões fundamentais sobre o fenômeno UAP (Fenômenos Aéreos Não Identificados) e o papel do governo norte-americano na investigação desses casos. Mellon, uma das figuras mais importantes no campo dos estudos de UAP, foi claro ao afirmar que o governo dos EUA, por muito tempo, não deu a devida atenção ao fenômeno como uma questão de segurança nacional.
Segundo Mellon, mesmo com inúmeros relatos de pilotos da Marinha dos EUA sobre encontros frequentes com objetos não identificados, esses incidentes foram amplamente ignorados pelas autoridades. “Havia um sentimento generalizado na burocracia de que tocar nesse tema poderia prejudicar reputações”, disse Mellon, destacando que a burocracia militar e de inteligência resistiu em investigar o fenômeno, apesar de violações claras do espaço aéreo restrito e riscos à segurança de voo.
Outro ponto essencial levantado por Mellon foi o dilema enfrentado por qualquer presidente ao lidar com a divulgação de informações sobre UAPs ao público. Ele destacou que é extremamente difícil para qualquer líder fazer um anúncio oficial sobre o fenômeno sem causar pânico. Mellon questionou: “Quem gostaria de anunciar que existem objetos voando pelo nosso espaço aéreo, dos quais não sabemos a origem ou os propósitos? Não é uma posição que um político gostaria de assumir”.
Esse dilema de comunicar algo tão incerto e potencialmente assustador reflete as dificuldades das autoridades em equilibrar a transparência com a necessidade de manter a segurança nacional.
Resumo Geral da Entrevista
Na conversa com Michael Glosson no The Anomalous Review, Mellon também discutiu a importância de se criar uma abordagem mais sistemática para investigar UAPs. Ele enfatizou o papel de tecnologias avançadas de vigilância, já pagas pelos contribuintes, que poderiam ser usadas para rastrear esses fenômenos de forma mais eficaz. Mellon destacou que o governo possui “capacidades incríveis de vigilância espacial e atmosférica”, que não estão sendo utilizadas adequadamente para investigar as anomalias.
Além disso, Mellon elogiou o trabalho de cientistas e pesquisadores civis que estão construindo redes para coletar dados sobre UAPs, como o Galileo Project e a Enigma Labs. Ele acredita que essas iniciativas são essenciais, especialmente diante da relutância de partes do governo em divulgar informações sobre os fenômenos. Mellon revelou que, em algumas instâncias, o próprio Congresso se sentiu frustrado pela falta de dados fornecidos pelas agências militares e de inteligência, o que sugere que muito ainda precisa ser feito para alcançar uma maior transparência.
A entrevista também tocou em aspectos filosóficos e estratégicos sobre a maneira como as potências globais, incluindo os EUA, poderiam usar a questão UAP como um catalisador para uma maior cooperação internacional, em vez de manter o sigilo por medo de alarde público ou por razões militares.
Mellon, que foi um dos principais responsáveis por entregar os vídeos de UAP ao New York Times em 2017, continua sendo uma das vozes mais influentes na defesa por maior transparência sobre o assunto, acreditando que isso é vital tanto para a segurança nacional quanto para o progresso científico.