No episódio do WEAPONIZED, podcast apresentado por Jeremy Corbell e George Knapp e exibido em 12 de dezembro de 2025, três deputados dos Estados Unidos, Anna Paulina Luna, Tim Burchett e Eric Burlison, fazem um dos relatos mais diretos até agora sobre o bloqueio enfrentado pelo Congresso ao tentar acessar informações oficiais sobre UAP, sigla para Fenômenos Anômalos Não Identificados, o termo adotado pelo governo americano para o que antes era chamado de UFO.
Ao longo de quase duas horas de conversa, os parlamentares deixam claro que o problema central já não é a falta de testemunhos, mas a ausência de acesso a evidências concretas, especialmente vídeos, imagens e arquivos que, segundo eles, existem e continuam fora do alcance do Legislativo.
A deputada Anna Paulina Luna resume esse ponto de forma objetiva: “Podemos trazer mais denunciantes, mas eu quero trazer evidências.” Em outro momento, ela formula a pergunta que se tornou o eixo do episódio: “Por que bloquear tanto se isso não é real?”
Segundo Luna, após a última audiência pública sobre UAP, seu grupo tentou seguir o rastro de onde estariam armazenados vídeos e registros mais sensíveis. O pedido incluiu acesso em ambiente sigiloso, conhecido como SCIF, uma sala protegida para informações classificadas. Mesmo assim, o acesso foi negado. Para ela, essa postura reforça a suspeita de que o assunto é tratado com um nível de sigilo incompatível com algo trivial.
O escritório do Pentágono responsável por investigar esses casos, a AARO (All-domain Anomaly Resolution Office, órgão criado para analisar relatos de UAP), é criticado de forma dura. Luna afirma sem rodeios: “Desde o início, a AARO não foi uma intermediária honesta com o Congresso.” Em seguida, vai além: “Eu não acho que a gente deva continuar financiando a AARO.”
A crítica principal é que o órgão divulga publicamente imagens consideradas fracas ou inconclusivas, enquanto parlamentares e jornalistas afirmam já ter visto registros muito mais impressionantes que permanecem classificados. Para os deputados, isso cria a sensação de que o público recebe apenas o que não gera impacto, enquanto o material mais sensível segue protegido.
O futuro das audiências públicas aparece como um ponto de inflexão. Luna explica que a força-tarefa que ela preside não recebeu poder de intimação, conhecido como subpoena, que é a autoridade legal para obrigar pessoas ou agências a entregar documentos e testemunhar. Sem isso, diz ela, o trabalho depende quase exclusivamente de boa vontade institucional.
Por esse motivo, Luna afirma que não pretende realizar novas audiências apenas por pressão política ou midiática. “Eu não quero desperdiçar o tempo do povo americano. Não sei se faz sentido fazer outra audiência se não tivermos as evidências para apresentar.”
O deputado Eric Burlison concorda e reforça que chamar nomes importantes sem instrumentos legais pode resultar apenas em silêncio. Segundo ele, o caminho mais eficaz agora é preparar um pacote de intimações que dê proteção jurídica às testemunhas e force a liberação de informações. Burlison revela que já existe uma lista de pessoas e uma lista de arquivos específicos que, segundo informantes, estão relacionados a programas de UAP.
Sobre o vídeo exibido de forma inesperada em uma audiência anterior, Burlison confirma que recebeu retorno técnico depois, mas deixa claro: “Não posso falar sobre isso.” Para ele, esse é mais um exemplo de como o tema acaba aprisionado em camadas de sigilo que impedem qualquer conclusão pública.
Tim Burchett, por sua vez, demonstra frustração com o que chama de limite do modelo atual. Ele afirma que, sem algo realmente indiscutível ou uma decisão direta do presidente dos Estados Unidos, o debate tende a girar em círculos. Sua cobrança principal é financeira: “Eu só quero saber no que estamos gastando um bilhão de dólares.”
Burchett resume o impasse institucional com uma frase direta: “Um grupo diz que isso não existe. Outro grupo diz que existe. O que está acontecendo?”
O episódio também aborda relatos recorrentes de avistamentos em regiões oceânicas profundas e menções a possíveis USOs, sigla informal para objetos submersos não identificados. Burchett afirma que os dados de localização chamam atenção e sugere que o oceano seria um ambiente lógico para algo tentar se esconder, embora reconheça que não apresenta provas diretas durante a conversa.
Burlison adota um tom mais cauteloso ao tratar dessas alegações. Ele afirma que a maioria esmagadora das imagens e vídeos provavelmente tem explicações convencionais, mas ressalta que isso não elimina a possibilidade de uma pequena parcela dos casos realmente escapar ao entendimento atual.
Outro ponto sensível discutido é a menção, em um documentário recente chamado Age of Disclosure, de que a Força Aérea dos EUA manteria um programa ativo de investigação sobre UFOs. Segundo Corbell e Knapp, essa afirmação teria sido feita publicamente por James Clapper, ex-diretor de Inteligência Nacional. Os deputados concordam que, se isso foi dito oficialmente, o Congresso deveria aprofundar a apuração.
O tema dos drones também entra na conversa. Os parlamentares citam sobrevoos repetidos de drones sobre instalações militares sensíveis e tratam isso como um problema real de segurança nacional, independentemente de qualquer ligação com UAP. Para eles, a dificuldade em controlar esse tipo de incursão revela vulnerabilidades preocupantes.
Ao final, a mensagem do episódio é clara: o Congresso acredita que já ouviu histórias suficientes. Agora, quer arquivos, vídeos e nomes. Sem poder de intimação, novas audiências correm o risco de se tornarem apenas repetição. Caso esse próximo passo aconteça, a palavra que define o momento é a mesma do título do episódio: gatekeepers, os guardiões do acesso à informação dentro do sistema.
Fontes:
- WEAPONIZED Podcast, Jeremy Corbell e George Knapp, episódio “UFO Gatekeepers – Rep. Luna, Burchett & Burlison Reveal A Plan To Fight Back”, exibido em 12 de dezembro de 2025.
- Descrição oficial do episódio no canal de Jeremy Corbell no YouTube.







