O Pentágono foi oficialmente obrigado a refazer e ampliar as buscas por um suposto memorando interno ligado ao chamado “Yankee Blue”, um ritual de iniciação atribuído à Força Aérea dos Estados Unidos que ganhou repercussão após reportagem do Wall Street Journal em 2023.
Mas afinal, o que é o “Yankee Blue” e por que isso importa para a ufologia e para o debate sobre transparência?
Segundo o Wall Street Journal, o “Yankee Blue” seria um ritual de trote aplicado a militares recém-chegados a determinados setores sensíveis. Durante esse processo, alguns membros eram enganados deliberadamente e levados a acreditar que estavam participando de programas ultrassecretos envolvendo engenharia reversa, ou seja, a tentativa de entender uma tecnologia desmontando algo já existente, supostamente de origem não humana.
De acordo com o jornal, essas histórias eram completamente fabricadas e faziam parte de uma cultura interna de desinformação, que misturava linguagem de UFOs, tecnologia alienígena e sigilo extremo para testar lealdade, confidencialidade ou simplesmente confundir os envolvidos. O ponto central da reportagem é que essas narrativas falsas teriam ajudado, ao longo dos anos, a alimentar rumores reais sobre programas secretos de recuperação de naves não humanas.
O Wall Street Journal afirmou ainda que, em 2023, o gabinete do Secretário de Defesa teria emitido um memorando ordenando o fim imediato dessa prática. O problema é que esse documento nunca foi apresentado ao público, não teve data divulgada, nem fonte claramente identificada.
Desde então, ninguém conseguiu provar que o memorando realmente existe.
Em resposta a pedidos feitos com base na FOIA, a Lei de Liberdade de Informação dos Estados Unidos, o Departamento de Defesa afirmou em 2025 que não encontrou nenhum registro do suposto documento. A porta-voz do Pentágono, Susan Gough, reforçou essa posição ao declarar que não podia confirmar a existência de qualquer memorando em nível departamental, sublinhando o termo “alegado” ao se referir à informação publicada pelo jornal.
Diante dessa contradição direta entre o que foi noticiado pelo Wall Street Journal e as respostas oficiais do governo, o site The Black Vault, especializado em documentos obtidos via FOIA, entrou com um recurso formal. O argumento central foi simples e forte: se um memorando desse tipo realmente foi emitido pelo Secretário de Defesa, ele não poderia estar restrito a um único setor administrativo e deveria existir em múltiplos escritórios do Pentágono.
O recurso também lembrou que a FOIA exige buscas “razoavelmente calculadas” para encontrar documentos relevantes e que qualquer diretiva emitida em 2023 deveria, obrigatoriamente, estar preservada por regras federais de arquivamento.
Em 12 de dezembro de 2025, a própria Divisão de FOIA do Pentágono reconheceu que a busca inicial foi insuficiente e determinou oficialmente a reabertura do caso, com novas pesquisas em diferentes setores do Departamento de Defesa.
A decisão não confirma que o memorando do “Yankee Blue” exista, nem valida as alegações do Wall Street Journal. O que ela faz é eliminar a resposta confortável do “não há registros” sem uma investigação mais ampla.
Agora, o Pentágono terá que enfrentar uma escolha clara: localizar o documento que teria encerrado o ritual “Yankee Blue” ou declarar formalmente que esse memorando jamais foi emitido. Em qualquer um dos cenários, o caso escancara um ponto sensível para a ufologia contemporânea: como histórias falsas, criadas dentro do próprio sistema militar, podem ter ajudado a moldar décadas de relatos sobre tecnologia não humana e programas secretos que nunca existiram oficialmente.







