Gillibrand admite: Congresso usa “UAP”, “drones” e “UAS” como se fossem a mesma coisa

A senadora norte-americana Kirsten Gillibrand reconheceu publicamente que o Congresso dos Estados Unidos vem tratando UAP, drones e UAS como termos equivalentes dentro da nova Lei de Autorização de Defesa Nacional, o NDAA (National Defense Authorization Act, a Lei de Autorização de Defesa Nacional). A admissão ajuda a explicar por que o termo UAP praticamente desapareceu do texto mais recente da legislação.

Em conversa com o jornalista Matt Laslo, do projeto Ask a Pol UAP, Gillibrand foi direta ao dizer que, para o Congresso, “é a mesma coisa”. Segundo ela, muitos episódios que antes seriam classificados como UAP (Fenômenos Anômalos Não Identificados) agora aparecem oficialmente como UAS (Unmanned Aerial Systems, ou sistemas aéreos não tripulados) ou simplesmente como drones.

Essa mudança fica clara quando se observam os números do próprio NDAA. No texto referente ao ano fiscal de 2026, o termo “Unidentified Anomalous Phenomena” aparece apenas sete vezes, enquanto “UAP” e “UFO” não aparecem nenhuma vez. Em contraste, o mesmo documento traz 33 menções a “UAS” e outras 22 referências completas a “Unmanned Aerial Systems”, além de várias citações diretas ao termo “drones”.

O contraste com anos anteriores é grande. No NDAA de 2024, elaborado no período em que o denunciante David Grusch prestou depoimento público ao Congresso, o termo UAP aparecia 64 vezes. A redução drástica não indica o fim do problema, mas sim uma mudança clara de linguagem.

Gillibrand argumenta que o uso de UAS se dá porque, na avaliação de parte do Congresso, esses objetos não seriam mais considerados “não identificados”. Ainda assim, a própria senadora reconhece que essa classificação nem sempre corresponde à realidade apresentada pelos relatórios militares.

Um exemplo citado é o caso das incursões aéreas na Base Aérea de Langley, na Virgínia. Enxames de objetos sobrevoaram a área e afetaram operações militares por cerca de 17 dias. Mesmo dois anos depois do incidente, segundo briefings classificados do Pentágono apresentados a senadores das comissões de Inteligência, as autoridades ainda não sabem exatamente o que eram aqueles objetos.

Diante disso, a própria Gillibrand admite que episódios como esse poderiam ter sido chamados tanto de UAP quanto de UAS, reforçando que a diferença está mais na escolha do termo do que no grau real de identificação do fenômeno.

A senadora também explicou que trabalhou em dispositivos específicos do novo NDAA para ampliar a autoridade do Departamento de Defesa na resposta a esse tipo de incursão. O objetivo é permitir que militares neutralizem drones ou UAS que sobrevoem áreas sensíveis, como bases militares e instalações ligadas ao arsenal nuclear dos Estados Unidos. Parte dessas regras será pública, enquanto outra parte ficará em seções classificadas do texto.

Outro ponto mencionado foi o financiamento da AARO (All-Domain Anomaly Resolution Office, o Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios), órgão criado para investigar ocorrências aéreas, marítimas e espaciais incomuns. Gillibrand afirmou esperar que o escritório seja totalmente financiado, mesmo com o recuo do termo UAP no texto da lei.

No fim, a declaração da senadora deixa claro que o fenômeno continua, independentemente do nome adotado. A troca de “UAP” por “UAS” reduz a visibilidade pública do tema, mas não altera o fato de que incursões aéreas em locais estratégicos seguem acontecendo, em quantidades relevantes, e muitas vezes sem explicação definitiva.

Fontes:
https://www.askapoluaps.com/p/uap-uas-drones-mean-same-thing-in-washington

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