Jornalistas alemães rastrearam drones sobre bases militares e desmontam o argumento de que “não dá para seguir” UAPs

Durante anos, autoridades de diferentes países repetiram que identificar e rastrear drones e UAPs (Fenômenos Anômalos Não Identificados) próximos a bases militares seria algo tecnicamente complexo demais para gerar conclusões claras. Uma investigação conduzida por estudantes de jornalismo na Alemanha mostrou que esse argumento não é absoluto.

O trabalho foi realizado por sete estudantes da Axel Springer Academy, cidadãos comuns, sem acesso a sistemas militares ou inteligência estatal. Usando apenas OSINT, sigla para Open Source Intelligence, que significa análise de dados públicos disponíveis, eles cruzaram relatos oficiais de drones sobre bases militares com informações abertas de tráfego marítimo.

Os dados iniciais vieram de relatórios internos da polícia federal alemã, que indicavam mais de mil ocorrências envolvendo drones em 2025, muitas delas sobre bases militares, áreas de treinamento da OTAN e instalações estratégicas. Em grande parte dos casos, as autoridades admitiam não conseguir identificar o tipo de drone nem sua origem.

A lógica adotada pelos jornalistas foi direta. Drones, especialmente em enxames coordenados, precisam partir de algum ponto físico relativamente próximo. Com isso em mente, a equipe passou a analisar dados de AIS, o sistema automático que transmite posição, velocidade e rota de navios, acessível em plataformas públicas.

O cruzamento revelou um padrão recorrente. Navios específicos permaneciam parados ou executavam manobras incomuns perto da costa exatamente nos períodos em que drones eram registrados sobre bases militares. Três embarcações se destacaram por comportamento anômalo, tripulações russas e histórico recente de passagem por estaleiros ligados ao setor militar e nuclear da Rússia.

Em pelo menos 19 correlações documentadas, houve coincidência temporal e geográfica entre a presença desses navios e incursões de drones sobre arsenais navais, centros de comunicação estratégica, áreas de treinamento militar e até um grande aeroporto, que precisou ser fechado temporariamente. Nenhum drone foi encontrado a bordo, e os próprios jornalistas deixam claro que não há prova direta de causalidade, apenas um padrão consistente que merece investigação aprofundada.

O ponto mais sensível revelado pela apuração envolve a resposta estatal. Inspeções oficiais nesses navios foram descritas por fontes de segurança como “superficiais” e “simbólicas”, sem abertura completa de contêineres. Ao mesmo tempo, documentos oficiais reconhecem que uma parcela não quantificável das incursões com drones provavelmente envolve atores estatais estrangeiros, ainda que isso raramente seja dito de forma clara ao público.

Para um site de abordagem ufológica, o caso é especialmente relevante porque reforça duas ideias ao mesmo tempo. A primeira é que a maioria dos avistamentos próximos a bases militares provavelmente envolve tecnologias humanas, não algo automaticamente não humano. A segunda é que o rótulo UAP continua válido enquanto a identificação falha, e que a dificuldade não está apenas na tecnologia, mas na disposição de seguir pistas abertas.

Os estudantes não afirmam ter solucionado o mistério. O que eles demonstraram foi algo mais incômodo. Rastrear padrões, seguir dados públicos e conectar eventos é possível, mesmo sem poder institucional. Isso muda o tom do debate e enfraquece a ideia de que certos fenômenos simplesmente não podem ser acompanhados fora do aparato estatal.

Fontes:

https://www.digitaldigging.org/p/they-droned-back
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