Reino Unido autoriza abates enquanto Alemanha enfrenta enxames misteriosos

27/10/2025

O governo do Reino Unido acaba de autorizar suas forças armadas a abater drones não identificados sobrevoando bases militares, enquanto no sul da Alemanha, moradores relatam a presença de até dez drones “de grande porte” cruzando os céus noturnos em formação. As duas situações, ocorridas com poucos dias de diferença, levantam novas preocupações sobre a segurança aérea europeia e possíveis atividades não declaradas.

Reino Unido autoriza uso de força contra drones não identificados

Na semana passada, o ministro da Defesa britânico John Healey confirmou que o governo concederá poderes legais para que soldados abatam drones considerados uma ameaça a bases militares.
A medida, incluída no novo Armed Forces Bill, ocorre após relatos de sobrevoos não identificados próximos a instalações da Força Aérea dos Estados Unidos em território britânico.

Segundo a agência Reuters, as novas regras permitirão o uso imediato da força contra qualquer objeto aéreo suspeito, sem necessidade de autorização prévia. O Ministério da Defesa alega que a decisão é uma resposta direta à “evolução das ameaças de espionagem e sabotagem com drones”, que vêm sendo observadas em diversos países europeus.

“O espaço aéreo de baixa altitude tornou-se uma nova fronteira de segurança nacional”, declarou Healey à imprensa britânica.

Alemanha: enxames de drones gigantes deixam população em alerta

Enquanto o Reino Unido discute como reagir, a Alemanha enfrenta o que parece ser uma onda de sobrevoos anômalos. Desde meados de outubro, moradores do distrito de Oberspreewald-Lausitz, no sul de Brandenburg, relatam enxames de até dez drones de grande porte voando à noite em formação.

As ocorrências foram inicialmente divulgadas pela Lausitzer Rundschau e confirmadas pelo jornal Die Welt. A polícia estadual recebeu múltiplos relatos e mobilizou operações conjuntas com forças de segurança da Saxônia. Testemunhas descreveram os drones como “rígidos, com mais de um metro de diâmetro”, claramente diferentes de equipamentos recreativos comuns.

O diretor administrativo da cidade de Ruhland, Christian Konzack, declarou ao Tagesspiegel:

“Essas não eram drones de hobby. Voavam lado a lado, como se fizessem varreduras em grade. Aparentemente, tratava-se de algo coordenado e de grande escala.”

Moradores que tentaram lançar drones próprios para registrar as imagens relataram bloqueio total do sinal de GPS, o que indica possível interferência eletrônica ativa — algo raro em áreas civis.

A Bundeswehr (Forças Armadas Alemãs), no entanto, negou qualquer envolvimento, afirmando que “não há exercícios militares em andamento na região” e que não possui explicação para as observações. Nenhuma empresa privada ou agência estrangeira assumiu responsabilidade pelos voos.

Cenário europeu: drones, guerra eletrônica e vigilância aérea

Os dois episódios ocorrem em um contexto de tensão crescente sobre o uso de drones na Europa, especialmente após incidentes envolvendo veículos não identificados sobre usinas nucleares, portos e bases da OTAN.

Autoridades militares têm reforçado que drones podem ser utilizados para espionagem eletrônica, coleta de imagens estratégicas ou testes de sistemas antiaéreos. Especialistas também apontam para a possibilidade de operações de guerra eletrônica, dado o bloqueio de GPS relatado na Alemanha — prática associada a equipamentos de origem militar.

Coincidência ou alerta?

Embora não haja confirmação de ligação entre os casos do Reino Unido e da Alemanha, ambos ocorrem em um momento em que países europeus revisam suas políticas de segurança aérea. O Reino Unido optou por autorização de abate imediato, enquanto a Alemanha ainda tenta identificar a origem e o propósito dos voos.

A sucessão dos eventos sugere que a Europa está entrando em uma nova fase de vigilância e resposta a ameaças aéreas não convencionais, com drones desempenhando papel central — tanto em operações legítimas quanto em possíveis missões de inteligência não declaradas.