Durante o Global Disclosure Day 2025, realizado pelo New Paradigm Institute, o coronel reformado Karl Nell, ex-integrante do UAP Task Force do Pentágono, declarou que a estratégia de “divulgação controlada” iniciada em 2017 chegou ao fim.
A fala marcou o ponto mais contundente do evento e repercutiu nas redes e entre comentaristas da comunidade UAP, levando o historiador Richard Dolan e o ex-assessor legislativo Kirk McConnell a responderem em blocos seguintes, apresentando visões diferentes sobre o futuro da transparência governamental em torno dos fenômenos aéreos não identificados (UAPs).
O diagnóstico de Karl Nell: “O ciclo de 2017 acabou”
“Esse recente ciclo de divulgação, iniciado em 2017 com os vídeos da Marinha e com as revelações de Lue Elizondo, está efetivamente encerrado”, afirmou Karl Nell durante o painel principal do Global Disclosure Day.
Nell, que atuou em cargos de alta responsabilidade no Exército e no setor aeroespacial, incluindo o UAP Task Force, avaliou que a tentativa institucional de controlar a narrativa sobre o fenômeno chegou a um impasse.
Segundo ele, o fracasso da aprovação do UAP Disclosure Act, proposto pelo senador Chuck Schumer, significou o colapso da fase de abertura coordenada conduzida desde 2017 — quando o tema voltou ao debate público com os vídeos oficiais da Marinha e o surgimento do grupo To The Stars Academy.
“Sem um grupo gestor com poder de supervisão e sem transparência parlamentar, o governo não tem mais meios para lidar com as consequências de futuras revelações”, disse Nell, argumentando que o Congresso “se retirou de qualquer papel de liderança”.
O coronel afirmou ainda que o país agora opera em modo reativo, lidando com o tema apenas quando pressionado por vazamentos e testemunhos.
Para ele, o risco é de uma “divulgação caótica”, sem coordenação institucional e potencialmente desestabilizadora.
Richard Dolan: “Pode ser o fim de um ciclo, mas não o fim do processo”
Em resposta, o historiador Richard Dolan — um dos principais analistas políticos da ufologia moderna — elogiou a lucidez da fala de Nell, mas rejeitou a ideia de que o processo tenha terminado.
“É uma tese provocativa e há muito com o que concordar. Mas não acredito que a divulgação tenha acabado — apenas mudou de forma”, afirmou.
Dolan contextualizou a análise dentro de um padrão histórico de ciclos de abertura e retração: nos anos 1950, 1970 e 1990, iniciativas semelhantes geraram expectativa e acabaram bloqueadas por instâncias de poder.
A diferença, segundo ele, é que o atual ciclo elevou a discussão a níveis inéditos — tanto no Congresso quanto na imprensa e na opinião pública.
“Nunca se falou tanto sobre o tema em instâncias oficiais. Mesmo que a lei não tenha sido aprovada, o impacto cultural e político desta fase é inegável”, observou.
Dolan reconheceu, porém, que qualquer divulgação genuína seria inevitavelmente desestabilizadora, pois confrontaria décadas de segredo institucional e implicações científicas profundas:
“Uma revelação autêntica é, por natureza, catastrófica. Não há como fazê-la sem abalar estruturas políticas e religiosas.”
Kirk McConnell: “Ainda há espaço, se houver coragem política”
Em um bloco posterior do evento, o ex-assessor legislativo Kirk McConnell, que atuou em comissões de Defesa no Senado dos EUA, adotou um tom mais otimista.
“Há interesse e energia na Câmara. O que falta é um número maior de testemunhas diretas sobre os programas de engenharia reversa e recuperação de materiais.”
McConnell reconheceu o impasse, mas afirmou que o movimento de transparência não está morto.
Segundo ele, o Congresso só age quando tem certeza de que há algo sólido no fim do caminho, comparando o momento atual a investigações históricas como Watergate e Irã-Contra.
“Ainda não chegamos lá, mas não significa que não chegaremos”, disse.
Ele defendeu também novas garantias legais para denunciantes (whistleblowers), observando que muitos potenciais informantes “ainda temem represálias e perda de carreira”.
Entre o fim e o recomeço
O contraste entre as falas de Nell, Dolan e McConnell sintetizou o clima de transição dentro da comunidade pró-divulgação.
- Para Karl Nell, a fase iniciada em 2017 fracassou institucionalmente;
- Para Richard Dolan, evoluiu em maturidade e visibilidade;
- Para Kirk McConnell, ainda pode renascer politicamente, se houver novas provas e testemunhos.
Embora discreta no tom, a sequência de declarações provocou forte repercussão online entre pesquisadores e canais especializados, que passaram a discutir se a “divulgação controlada” realmente chegou ao fim — ou apenas entrou em hibernação à espera de uma nova estratégia.