O jornalista investigativo Matt Laslo, com 19 anos de atuação no Capitólio, afirmou em entrevista ao episódio 140 do podcast UAP que o tema dos objetos anômalos não identificados (UAPs) vive seu momento mais sombrio em Washington. Segundo ele, o Congresso e o governo federal, sob a atual gestão de Donald Trump, têm tratado o assunto com desprezo, censura velada e desinformação deliberada, mesmo diante de incidentes aéreos não explicados, ameaças à segurança nacional e denúncias de acobertamento institucional.
“O Congresso está cego, surdo e mudo sobre UAPs. O governo Trump, que prometeu transparência, simplesmente tirou o assunto da mesa.”
Figuras citadas por Matt Laslo
Nome | Cargo/Atuação | Cidade/Estado | Programas/Envolvimento |
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Matt Laslo | Jornalista investigativo | Washington, D.C. | Fundador do site Askapol |
Donald Trump | Presidente dos EUA (2025) | Nacional | Prometeu falar sobre UAPs, mas silenciou |
Eric Burleson | Deputado federal | Missouri | Ligado ao UAP Caucus; contratou David Grusch |
David Grusch | Ex-oficial da inteligência | — | Denunciou acobertamentos; hoje assessor no Congresso |
Anna Paulina Luna | Deputada federal | Flórida | Liderança na Força-Tarefa dos Segredos |
James Comer | Deputado federal | Kentucky | Presidente do Comitê de Supervisão; apontado como censor |
Mike Johnson | Deputado federal | Luisiana | Presidente da Câmara; possível “gatekeeper” |
Mark Warner | Senador | Virgínia | Ex-presidente da Comissão de Inteligência |
Mark Kelly | Senador e ex-astronauta | Arizona | Cético, mas reconhece estranhezas em vídeos e relatos |
Marco Rubio | Secretário de Estado; ex-senador | Flórida | Ex-aliado da causa UAP; hoje distante |
Tim Burchett | Deputado federal | Tennessee | Ex-co-líder do UAP Caucus; hoje afastado |
Mike Rounds | Senador | Dakota do Sul | Pretende reapresentar o UAP Disclosure Act |
Congresso ignora relatório do WSJ e silencia diante de alertas de segurança nacional
Laslo relata que entrevistou pessoalmente mais de 30 senadores, e nenhum deles havia lido o recente artigo do Wall Street Journal que sugeria que a narrativa oficial sobre UFOs pode ter sido, ao longo de 80 anos, uma operação de distração (“psyop”).
“Senadores não sabiam nem do que eu estava falando. Alguns fingiram conhecer o texto, mas admitiram que só viram o título. É chocante.”
Segundo ele, nem mesmo os integrantes da Comissão de Inteligência, como Gillibrand e Warner, tinham ciência do conteúdo. Alguns, como o senador Rick Scott, admitiram não acompanhar nada sobre o tema, sob a justificativa de “não ter lido ainda”.
Termo “UAP” virou tabu; nova estratégia é chamar de “drone”
Com a estigmatização crescente, muitos parlamentares evitam falar em UAPs e preferem se referir a “drones” ou “sistemas não tripulados”, mesmo quando não há qualquer explicação conhecida para os objetos relatados.
“Eu pergunto sobre as 17 incursões sobre a Base Aérea de Langley, e os senadores me respondem com desdém. Até mudei minha linguagem para ‘drones’, só para não perder a conversa.”
Laslo também menciona o caso dos objetos não identificados sobre a costa de Nova Jersey, que teriam perseguido uma embarcação da Guarda Costeira, com participação posterior do FBI — cuja unidade específica para UAPs foi mantida em segredo até 2024.
Incidentes ignorados e defesa aérea exposta
Entre os episódios citados por Laslo estão:
- Fechamento da Base Aérea de Langley por 17 dias em 2023, após aparições recorrentes de objetos inexplicados;
- Danos físicos em um caça F-16 atingido por um UAP no Arizona;
- Drones sobrevoando duas fábricas de munições e o campo de golfe de Trump, onde ele próprio estava hospedado;
- Abate de três objetos em sequência após o caso do balão chinês, em fevereiro de 2023 — ação que foi rapidamente interrompida por medo de pânico público.
“A resposta da Força Aérea foi parar de atirar, não porque o problema cessou, mas porque a opinião pública se assustou. Desde então, reina o silêncio.”
UAPs fora da agenda oficial no governo Trump
Laslo aponta que o segundo mandato de Donald Trump contribuiu diretamente para o apagamento do tema. Durante a campanha, o então candidato se mostrava aberto a discutir UAPs, mencionando pilotos, vídeos e mistérios reais. Após a posse, o tema desapareceu completamente da agenda da Casa Branca.
“Ele dizia que ia revelar tudo sobre drones. Agora que está no poder, nada mais é dito. Nada.”
Até Marco Rubio, que em 2017 foi figura central nas revelações do New York Times ao lado de Leslie Kean, se tornou evasivo. Hoje secretário de Estado, evita responder perguntas e só reagiria, segundo Laslo, se líderes estrangeiros trouxessem o assunto à tona.
Congresso dividido, desarticulado e esvaziado
Laslo descreve um Congresso mais apático do que nunca, onde mesmo os parlamentares mais engajados, como Luna e Burleson, atuam isoladamente, sem apoio institucional real.
A antiga bancada do UAP Caucus foi substituída por uma “Força-Tarefa dos Segredos”, responsável também por temas como JFK, 11 de setembro, Epstein e origens da COVID-19. A amplitude dos temas dilui o impacto político do tema UAP, reduzindo a chance de investigações dedicadas.
“Eles não têm poder nem para convocar testemunhas sozinhos. Precisam do aval de James Comer, que nem sequer se interessa pelo tema.”
Além disso, o próprio deputado Tim Burchett, antes um dos nomes mais ativos na pauta, foi deixado de lado na nova legislatura, sendo “bypassado” por Luna — o que, segundo Laslo, o teria deixado “ferido politicamente”.
FBI, Aero e Kirkpatrick: fragmentação e descrédito
O ex-diretor do AARO, Sean Kirkpatrick, é citado por Laslo como a principal fonte do artigo do Wall Street Journal. Segundo o jornalista, Kirkpatrick é desacreditado entre parlamentares, visto como autopromocional e ineficaz, especialmente após deixar o cargo e tentar “recontar sua versão dos fatos”.
“Kirkpatrick falhou enquanto esteve no cargo. Depois disso, virou personagem de matérias sensacionalistas, sem credibilidade.”
Mesmo as descobertas da unidade do FBI focada em UAPs — reveladas por Burleson com apoio de Grusch — não foram discutidas formalmente na Câmara ou no Senado.
Sensação de manipulação e descrédito sistemático
Laslo compara o cenário atual a uma estratégia deliberada de contenção política:
- Desmobiliza-se o Congresso ao espalhar responsabilidades em temas variados;
- Estigmatiza-se o discurso, associando UAPs a teorias da conspiração;
- Censura-se o acesso à informação, criando categorias de “quem precisa saber”.
“O que me choca é que até os melhores repórteres do Capitólio não sabiam da existência da Força-Tarefa dos Segredos. Isso não é só despreparo — é ocultação.”
Conclusão: “eles não sabem, e também não querem saber”
Na visão de Matt Laslo, o atual momento representa um retrocesso severo na busca por esclarecimento sobre o fenômeno UAP. A combinação de estigma político, censura interna e desprezo institucional cria um cenário de negação ativa, mesmo com evidências crescentes de que algo relevante está sendo ignorado.
“O Congresso levou dois anos para descobrir que o FBI tinha uma unidade de UFOs. Se isso não é prova de que o sistema está falhando, eu não sei o que é.”
Fontes https://www.askapoluaps.com/