HAKUI, Ishikawa – Este ano foi repleto de histórias inspiradoras sobre o espaço, como o pouso bem-sucedido da sonda lunar da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) e o lançamento do foguete H2A. No entanto, na Terra, uma experiência única espera por entusiastas do espaço e curiosos sobre fenômenos extraterrestres no Museu Cosmo Isle Hakui, localizado na cidade de Hakui, na província de Ishikawa. Este museu, além de despertar a curiosidade sobre o cosmos, tem sido o centro das atenções como base de operações para entusiastas de OVNIs, ajudando a revitalizar a economia local.
A origem do museu remonta a 1984, quando Josen Takano, um morador de Hakui, leu em um material local uma curiosa descrição sobre um “fogo misterioso” que se movia de leste a oeste ao longo da encosta do Monte Bijo, ao cair da noite. Intrigado, Takano, que havia acabado de retornar à sua cidade natal e trabalhava como funcionário temporário da prefeitura, questionou se esse fenômeno poderia ser um OVNI. Com o apoio de outros moradores, surgiu a ideia de revitalizar a cidade usando a temática dos OVNIs e outros assuntos relacionados ao espaço. Desde então, Hakui tem se consolidado como a “cidade dos OVNIs”.
Em 1990, a cidade organizou um “simpósio internacional” sobre espaço e OVNIs, que contou com a presença de ex-astronautas dos Estados Unidos e da então União Soviética, atraindo cerca de 45 mil pessoas durante os nove dias do evento. Seis anos depois, o Museu Cosmo Isle Hakui foi inaugurado, tornando-se a base definitiva para os entusiastas.
Embora o museu não tenha exposições diretamente relacionadas a OVNIs, ele se destaca pela exibição de itens reais de veículos espaciais fabricados pela NASA e pela União Soviética, além de modelos fiéis aos originais. Takano sempre priorizou a autenticidade das exposições. Embora o museu receba subsídios do governo, a falta de recursos para adquirir itens reais levou Takano a buscar alternativas criativas. Ele conseguiu convencer a NASA a emprestar um protótipo de veículo de exploração de Marte por 100 anos, sem custo algum, e também adquiriu a um preço acessível um foguete do Projeto Mercury, programa de voos espaciais tripulados dos Estados Unidos realizado entre 1958 e 1963.
A dedicação de Takano à autenticidade é visível em todas as peças do museu. Um exemplo disso é o foguete adquirido da antiga União Soviética, lançado na década de 1970 e que orbitou a Terra por sete dias. A superfície do foguete exibe marcas de queimaduras e rachaduras causadas pela reentrada na atmosfera terrestre, confirmadas por especialistas da NASA, com os quais Takano estabeleceu boas relações durante as negociações.
O museu, situado na base da Península de Noto, enfrentou dificuldades após um forte terremoto em janeiro, que causou danos, incluindo a ruptura de fios que seguravam exposições valiosas. Nos seis meses seguintes à reabertura, o número de visitantes foi apenas um quarto do registrado no mesmo período do ano anterior. Mesmo assim, o filho de Josen, Jomei Takano, que trabalha no museu, permanece otimista. “Muitos visitantes chegam pensando que é algo curioso, mas saem impressionados”, disse ele, destacando a importância da experiência proporcionada por itens autênticos. Ele acrescenta que olhar para o céu o ajuda a manter a esperança, lembrando que, para encontrar um OVNI, é preciso sempre manter a cabeça erguida.
Perto do museu, as ruas são decoradas com ilustrações de OVNIs e alienígenas, e uma escultura de OVNI criada por moradores locais é uma das atrações.
Além de Hakui, o fascínio por OVNIs também está vivo em outras partes do Japão. No distrito de Iino-machi, em Fukushima, onde há muitos relatos antigos de avistamentos de OVNIs, foi criado o Salão de Contato com OVNIs, que exibe documentos “classificados” da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) e esculturas de alienígenas. Para impulsionar a economia local, voluntários criaram, em 2021, um laboratório de pesquisa de OVNIs dentro do salão, chamado de Laboratório Internacional de OVNIs, que já analisou mais de mil avistamentos relatados, identificando 12 fotos ou vídeos que “provavelmente retratam OVNIs”.
Entre os projetos em andamento na cidade estão a produção de bulbos de alho em forma de OVNIs e o plano de produzir nigorizake (saquê não refinado) inspirado na galáxia, usando arroz local. Para Takeshi Okamoto, professor de turismo da Universidade Kindai, “OVNIs têm muitos fãs dedicados”, e um pouco de inovação pode transformar esse interesse em um poderoso recurso turístico.
Fontes: The Yomiuri Shimbun